Há muitos anos que a celebração do 5 de Outubro não fazia tanto sentido.
Como sabemos, o dia da Implantação da República em Portugal é sempre um dia repleto de actos simbólicos, discursos patriotas, cânticos inflamados do nosso hino, e claro, toda a nossa nata política a dar a cara pela nação, ou a dar o corpo ao manifesto como preferirem...
Todos os anos, esta celebração traz-me uma sensação imediata de dejá vu, dado que a nossa classe política apresenta, há cerca de 30 anos, sempre as mesmas caras. Tirando isso, até falam bem, o povo costuma corresponder com aplausos e vivas republicanas, e o orgulho de um dia ter acontecido um golpe de estado que veio substituir um trono por um poleiro.
Mas este ano foi diferente, dadas as vicissitudes da economia nacional e de, há pouco mais de um punhado de dias, um dos Reis deste governo ter trazido a boa nova de mais austeridade, suportada pelo elogio de que "...o povo português é o melhor do mundo"- já viste CR7, podes não ser o melhor do mundo mas fazes parte do melhor povo, segundo o governo claro! Este ano tudo foi diferente, mas ao mesmo tempo tudo fez mais sentido: discursos acompanhados de vaias, hino cantado apenas pelo coro de santo Aníbal e seus tenores...tudo isto culminou no momento mais alto da tarde, o mais ovacionado, o mais aplaudido, o que teve mais sentido...O hastear da bandeira nacional!!!
Palavras para quê? A imagem explica tudo: O país de pernas para o ar e os seus responsáveis máximos a exibir-lo bem alto...
Um dia vou usar o meu bigode ao contrário para ver se faz sentido...
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