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terça-feira, 14 de outubro de 2014

Cortar o cabelo? Claro que doí!!


Acho que guardo bem cá nos confins do meu ser, uma tremendo pânico na hora de me dirigir ao cabeleireiro.
Todos, quando somos crianças, guardamos esta altura como um autêntico pesadelo. Aquela sensação de entrar num salão de cabeleireiro cheio de luzes e ferramentas, guiados pela mão de quem mais amamos, leva-nos pela primeira vez a duvidar se essa pessoa nos quer bem ou não! Afinal, obrigam-nos a ir a um sítio, ser vítimas de uma coisa que nos deixa mortos de medo...
Depois tudo isto passa, e deixamos de ter medo de cortar o cabelo, quando nos "vendem" a ideia de que cortar o cabelo não doí!!
Pois esta é talvez a maior mentira que ouvimos em pequenos. Pura mentira. Ainda hoje tenho a clara noção que cortar o cabelo doí, e muito (pelo menos quando pagamos a outra pessoa para o fazer).
Guardo esta dor de criança, só que já não choro por vergonha. Sempre que se aproxima a altura de ter que cortar o cabelo, nasce me mim um stress medonho. Ecos de uma infância em que eu queria apenas cortar as pontas do meu comprido cabelo, e saía de lá sempre em lágrimas, porque cortar as pontas não tinha significado universal.
Hoje foi dia. E como não poderia deixar de ser, no dia em que decido cortar o cabelo é quando ele não me parece assim tão grande, ou mau. É o dia em que está melhor que nunca...
A dor de que falo é aquela dor na alma, quando depois de teres explicado tim-tim por tim-tim como queres, o resultado final te deixa louco de fúria. Nem sei bem explicar o que sinto sempre que saio do cabeleireiro e me dirijo a casa. Farto-me de olhar para o espelho do carro, mexer no cabelo, e quem está ali continua a não ser eu. Parece que nos cortaram também a identidade! 
Este sentimento de raiva leva-me sempre a pensar que nunca mais volto ali, e só atenua depois do banho, onde tento desfazer ao máximo tudo aquilo que me fizeram de mal.
Quem é que gosta realmente de se ver ao espelho, quando o profissional vos pergunta "está bom?" E se respondermos que não? Que quero-mos mais comprido, como explicamos antes! Claro que não está bom, e daí? Vão chamar um cirurgião plástico e continuamos a pagar 8 euros?
Será que sou especial e me acontece só a mim? 

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