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segunda-feira, 31 de março de 2014

Futebol: cada um sofre à sua maneira, e depois???


Este fim de semana tive uma estreia na minha vida. E que estreia!
Aquando de um delicioso jantar em família, a minha querida avó Tina decidiu que era ela a dona do comando da TV. Sendo a pessoa mais velha em casa, ninguém ousou sequer reivindicar o que quer que fosse, em relação ao que ver na TV.
Como um neto exemplar que sou, decidi humildemente tentar a minha sorte, depois tanto sofrer esperando que o canal escolhido não fosse a RTP2 ou a RTP Memória, e sugeri-lhe que passasse pelos canais desportivos. Algo que me foi de imediato concedido. 
Mas para meu azar, num desses canais, dava um jogo de futebol de uma equipa fraquinha de verde e branco. Para meu azar, porque a minha avó lembrou-se, 70 anos depois, que era adepta incondicional daquela equipa às riscas. "Oh não!" pensei eu para mim. Contudo, decidi arriscar, e pela primeira vez na minha vida, ali lado a lado sentados num sofá, lá estava eu e a minha avó a ver um jogo de futebol do início ao fim.
Pelo que posso explicar de seguida, tornou-se num momento mítico.
Com o desenrolar do jogo reparei que a avó Tina sofre pelo seu clube, mas de uma forma completamente diferente de todas as outras pessoas. Ou seja, sofre ao retardador. E o efeito déjà vu, para ela, não tem qualquer significado. 
Passo a explicar: sempre que o jogo ia sendo transmitido ao vivo, não existiam quaisquer sinais emotivos da parte dela. Ao invés, sempre que era exibida uma repetição, lá estava ela a sofrer efusivamente! "Estranho" pensei eu com os meus botões. Depois pensei "será que é pelo facto das repetições serem mais lentas?". Ainda hoje, não encontro explicação plausível para tal comportamento. 
Depois, como os jogadores da equipa às riscas tinham camisolas com nomes de sócios, e sendo que a minha avó não via um jogo de futebol desde o mítico 6-3 em Alvalade, os jogadores passaram a ter designações curiosas. Por exemplo, um tal de Adrien, que para a minha avó nunca se chamou Adrien, mas sim "José Barbosa". Um tal de Mané, passou a ser "Carlos Silva" e assim sucessivamente. O que conferiu os comentários mais hilariantes ao jogo. Assim sendo, ouvi coisas como: "Ai filho, este "José Barbosa" é tão perfeito de cara. "Este pretinho das tranças já deve ter nascido cá em Portugal, chama-se "Carlos Silva". Mas o melhor estava guardado para o fim, com um tal de Rui Patrício em grande plano, ao que a minha avó se prontificou a comentar "Ó Pedro este guarda redes é tão parecido com o Rui Patrício da nossa selecção". Circunstância que me apanhou completamente desprevenido, e ao que eu tive que esclarecer que "Ó avó, é a mesma pessoa. Os jogadores que jogam na nossa selecção jogam também noutros clubes".
Como balanço, foi uma noite de futebol ao mais alto nível e em grande companhia. Na companhia de uma pessoa muito importante para mim, e que sofre com a sua equipa como nenhuma outra. Quanto ao resultado, encheu-a de orgulho, porque a contar pelos festejos sempre que dava a repetição do golo solitário da sua equipa, ficou com a nítida ideia que o resultado tinha acabado nuns expressivos 6-0.
Será que este é o mal do qual sofrem todos os lagartos? 
Se for, muita coisa fica explicada!  

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