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terça-feira, 11 de março de 2014

Cheiros que ficam...


Num destes fins de semana que passaram, fui até ao Algarve, nomeadamente Albufeira, passar dois dias em trabalho. Sem saber muito bem onde iria ficar hospedado, foi-me dito que iria ser num qualquer hotel da Inatel. Algo que me fez suspirar de alívio, porque como é sabido, os hotéis desta cadeia têm como principais hóspedes pessoas mais velhas, o que conferia ao meu fim de semana um contexto de tranquilidade que eu bem procurava. Quando lá cheguei, confirmei essa mesma hipótese.
Longe estava eu de saber, que esses dois dias me iriam levar numa viagem de cerca de 20 anos ao meu passado. Tudo por causa dos cheiros que pairavam no ar, um pouco por todo o hotel. Nas poucas vezes que me vi obrigado a deambular pelos corredores do estabelecimento, houve sempre um cheiro que me remetia aos momentos mais felizes e nostálgicos da minha infância: aos meus tempos de primária.
Demorei apenas alguns segundos a perceber que a maior parte das senhoras, excursionistas da 3ª idade, que passavam ali um belo fim de semana, usavam um perfume (aquele perfume) que só não me levou às lágrimas, porque sou um "tuff guy" do pior. Era o perfume que cheirei todos os dias, durante os meus primeiros 4 anos de escola primária. O adorável e inconfundível perfume da professora Mélita!!
E pronto, bastou-me ter esse cheiro perto do meu nariz durante dois dias, para recordar tudo aquilo que, de vez em quando, me esforço a não esquecer. É realmente incrível como, tantos anos depois, existem coisas (neste caso, cheiros) que nos remetem a sítios, contextos ou mesmo pessoas em concreto, e nos fazem sentir as mesmas coisas que sentimos anteriormente. Foi como me tivessem metido numa máquina do tempo, que me levara numa viagem de regresso à sala 1 da Escola do Centro no Cartaxo. 
Eu estava lá!!
Consegui ver a sala, a disposição dos meus colegas pelas mesas e cadeiras, os rostos de cada um, sentir o sabor do leite com chocolate, da plasticina nos dedos, e do terrível flúor...mas mais que tudo, estava lá, em pé em frente à sua secretária, a magistral professora Mélita, com a sua bata branca, o seu cabelo sempre arranjado, os óculos na ponta do nariz, os anéis, e o seu cheiro...aquele perfume que me irá acompanhar para sempre. 
Sempre que passo na rua e me cruzo com alguém que deixa um rasto daquele perfume pelo ar, vá com pressa ou sem ela, paro sempre procurando na esperança de ser a minha querida professora. Para terem uma noção do quão este cheiro me agrada e mexe com os meus sentimentos mais belos, sempre que presenteio este cheiro nalguma senhora, dá-me vontade de abraçá-la e nunca mais largá-la. Se pudesse escolher uma palavra para descrever o que sinto sempre que o meu olfacto identifica tal odor, com certeza seria TERNURA.
Que saudades!!
O que torna isto ainda mais especial, é que sei, que todos os meus colegas sentem o mesmo que eu. Não tivesse sido a professora Mélita uma das mulheres mais importantes nas nossas vidas.
Esta é a minha singela homenagem à melhor professora do mundo.        


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