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segunda-feira, 17 de março de 2014

Sushi-fusão ou Sushi-confusão!!??


Há uns dias quebrei uma das minhas promessas para a vida: comer apenas o sushi que faço, e nenhum outro (ok, sem contar com o de alguns meus colegas de curso, bem como o do Mestre Morais). Não por ter falta de humildade ou presunção a mais, mas sim por amor àquilo que acredito ser uma arte, e que hoje, a maior parte, tende a banalizar. Pois, mais uma vez, os lucros falam mais alto.
No início do curso, o Chef. Paulo Morais, disse-nos uma coisa que jamais esquecerei, para meu bem: "Em Portugal, apenas 10% dos restaurantes de sushi, o são realmente. O resto é um faz de conta".
Esta frase começou por fazer sentido logo após o terminus da minha formação, porque tendo eu agora mais algum know-how sobre a matéria, já sou perfeitamente capaz de separar o "trigo do joio", em relação ao bom e ao mau sushi. Outra coisa que aprendi, é que se tiveres o conhecimento necessário, não precisas de provar um sushi para saber que o que está ali não é nada.
Hoje, existe uma proliferação monstruosa de restaurantes de sushi por todo o lado. Aqui em Lisboa então...acho que já são mais que as lojas de chineses. O que até tem a sua lógica, porque a procura assim o pediu. Para além de estar na moda, fica sempre bem toda a gente saber que vamos, ou fomos comer ao sushi. O que torna isto tudo mais fácil para o investidor, é que existe muita procura, mas, como nos restaurantes, apenas 10% dela é qualificada (aquela que não se interessa apenas em encher o bandulho por 12 euros). Até porque, se não sabem, o sushi nunca foi, não é, nem nunca será, um prato de buffet...antes, é um prato de ingestão quase imediata. Foquem este último factor na hora de escolher o sítio onde vão comer (já é um bom princípio).
Sendo esta procura uma presa fácil, ajuda bastante o restaurante a poupar nos gastos com a qualidade. Porque 60% dos "sushimens" que trabalham em restaurantes lisboetas, são nepaleses que anteriormente lavavam a loiça, escamavam peixe, faziam a limpeza ao restaurante, tudo por 400 euros mensais...ou seja, sem qualquer tom discriminatório, são recursos humanos sem qualquer tipo de formação ou especialização, que foram ensinados a produzir de forma standart uma vez, e irão continuar a fazer exactamente a mesma coisa até ao dia que morram (sempre por 400 euros), mesmo se alguém entretanto os tentar ajudar a evoluir (sei do que falo, porque tive 3 meses num dos restaurantes de sushi mais apreciados em Lisboa, e no início a mão de obra era extremamente qualificada e paga de acordo, no entanto, hoje não resta lá nem um...).
Bem sei que o típico tuga gosta é de comer muito e pagar pouco. Mas o sushi não é uma bifana. E o bom sushi paga-se bem. A qualidade paga-se, pois é ela que faz toda a diferença de restaurante para restaurante.
Voltando ao início, quebrei uma das minhas promessas de vida e estou devastado.
Certo dia destes, querendo agradar a gregos e troianos, decidi ir almoçar a um restaurante de sushi aqui perto de casa, pela primeira vez. Sentei-me, fiz o pedido, e fui extremamente bem recebido pelo staff. Primeiro vieram os hots, que são sempre agradáveis pois não têm nenhuma ciência na confecção. Simples, boa apresentação, tudo de acordo. O pior veio a seguir, ou seja, aquilo para o que eu já estava preparado e resisti até então, olhando para trás do sushibar e vendo três "robots" nepaleses, que nem respiravam, nem tiravam os olhos do balcão nem na hora de fazer subir os pratos. Grandes funcionários devem ser, de certeza!(fartam-se de trabalhar, isso é verdade) Assim, surge-me um prato na mesa que mais parecida uma salda de fruta. O que me levou a pensar que já seria a sobremesa. Mas depois ao analisar melhor, reparei que não podia ser porque "aquilo" tinha Douritos da Matutano por cima de um dos rolos de sushi....fartei-me de rir!
Primeira e última vez, portanto.
Só mais uns conselhos: nem sempre os restaurantes mais cheios são os melhores, nepaleses no sushibar é sempre de desconfiar, fugir de buffets, reparar sempre na montra do peixe antes de se sentarem, e se possível, como é tradicional no Japão, e para aqueles mais entendidos e audazes, peçam sempre uma bola de arroz para que possam perceber se vão comer sushi ou gomas com peixe. 
Não se deixem ir em cantigas. 
Não existe sushi-fusão. Existe sim, sushi-confusão!!
Deixo-vos com um video que vos mostra o verdadeiro:

         

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