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terça-feira, 8 de outubro de 2013

O nosso "Fado"


Há quanto tempo este post já devia ter sido escrito...
Sou dos muitos portugueses sisudos, tristes, solitários, nostálgicos...porque afinal não passo de apenas mais um de nós.
Se alguém alguma vez me perguntasse qual é a cor dos portugueses, eu não hesitaria em dizer que somos todos cinzentos! 
Carregamos connosco um amargo de boca que nos identifica à distância de centenas de anos. Desde Afonso Henriques, até mim, a cor é a mesma. 
Somos um povo especial pelo o que a nossa história fez de nós. O nosso discurso é repleto de negativismo e saudosismo. Já imaginaram a sorte que temos em ser portugueses?
Se o charme tem segundo nome com certeza que será Portugal, aquele povo que, de tão simplório que é, faz tremer qualquer narcisista burguês.
Mas temos algumas lacunas que nos tornam mais "David" do que "Golias". 
Desde logo, por tendermos a apreciar mais o que não é nosso, atribuindo-lhe todo o valor necessário para que a nossa riqueza cultural caia no esquecimento das gerações vindouras.
Como alguém uma vez disse: "Para se sentir o fado apenas é preciso ouvi-lo". 
É do nosso fado que vos quero falar hoje.
Cresci a ouvir as formas mais simples de cantar e tocar o fado. Aquela forma comandada por um trago de vinho que desbotou ao cair na manga de uma camisa. Aquela que se ouve saindo de uma qualquer chaminé fumegante. Aquela que acompanha formas de cantar castiças e fadistas de alma e coração. O verdadeiro fado do povo!
Deixei-me levar pelo sentimento que o fado me transmite, ao ponto de o carregar comigo até hoje nas minhas lembranças de um passado bem cantado.
Falar de nomes como Amália ou Alfredo, é falar de todos nós, porque era-mos nós quem estes traziam na voz.
Andamos há anos a faltar ao respeito ao fado. Aquela estranha forma de cantar, aquela lamentação que a voz explode, que o peito inflama, e que tanto estranha e encanta a quem não sente o que é ser português. É aqui que temos faltado ao respeito ao fado, por deixarmos que este seja mais valorizado por quem não o sente como nós. Talvez porque nem todos nós estejamos preparados para o entender na sua plenitude. Porque o fado é algo muito complexo, não é música de se trazer pelo bolso, nem de se apresentar nos tops da rádio. É uma preciosidade nossa, é um segredo que não se conta, canta-se!
Haverá maior prazer neste nosso país, que ir ali para os lados de Alfama/Mouraria, reservar uma mesa que sustenta uma malga de caldo verde e um chouriço assado, e saborear todo ao som do nosso segredo?
É o nosso maior tesouro nacional, sem dúvida! Deixemos que fique em segredo então...
Esta dedico ao fado:


Haverá som mais bonito que o som da guitarra portuguesa??
Este Barão é português de gema! 

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