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segunda-feira, 31 de março de 2014

Futebol: cada um sofre à sua maneira, e depois???


Este fim de semana tive uma estreia na minha vida. E que estreia!
Aquando de um delicioso jantar em família, a minha querida avó Tina decidiu que era ela a dona do comando da TV. Sendo a pessoa mais velha em casa, ninguém ousou sequer reivindicar o que quer que fosse, em relação ao que ver na TV.
Como um neto exemplar que sou, decidi humildemente tentar a minha sorte, depois tanto sofrer esperando que o canal escolhido não fosse a RTP2 ou a RTP Memória, e sugeri-lhe que passasse pelos canais desportivos. Algo que me foi de imediato concedido. 
Mas para meu azar, num desses canais, dava um jogo de futebol de uma equipa fraquinha de verde e branco. Para meu azar, porque a minha avó lembrou-se, 70 anos depois, que era adepta incondicional daquela equipa às riscas. "Oh não!" pensei eu para mim. Contudo, decidi arriscar, e pela primeira vez na minha vida, ali lado a lado sentados num sofá, lá estava eu e a minha avó a ver um jogo de futebol do início ao fim.
Pelo que posso explicar de seguida, tornou-se num momento mítico.
Com o desenrolar do jogo reparei que a avó Tina sofre pelo seu clube, mas de uma forma completamente diferente de todas as outras pessoas. Ou seja, sofre ao retardador. E o efeito déjà vu, para ela, não tem qualquer significado. 
Passo a explicar: sempre que o jogo ia sendo transmitido ao vivo, não existiam quaisquer sinais emotivos da parte dela. Ao invés, sempre que era exibida uma repetição, lá estava ela a sofrer efusivamente! "Estranho" pensei eu com os meus botões. Depois pensei "será que é pelo facto das repetições serem mais lentas?". Ainda hoje, não encontro explicação plausível para tal comportamento. 
Depois, como os jogadores da equipa às riscas tinham camisolas com nomes de sócios, e sendo que a minha avó não via um jogo de futebol desde o mítico 6-3 em Alvalade, os jogadores passaram a ter designações curiosas. Por exemplo, um tal de Adrien, que para a minha avó nunca se chamou Adrien, mas sim "José Barbosa". Um tal de Mané, passou a ser "Carlos Silva" e assim sucessivamente. O que conferiu os comentários mais hilariantes ao jogo. Assim sendo, ouvi coisas como: "Ai filho, este "José Barbosa" é tão perfeito de cara. "Este pretinho das tranças já deve ter nascido cá em Portugal, chama-se "Carlos Silva". Mas o melhor estava guardado para o fim, com um tal de Rui Patrício em grande plano, ao que a minha avó se prontificou a comentar "Ó Pedro este guarda redes é tão parecido com o Rui Patrício da nossa selecção". Circunstância que me apanhou completamente desprevenido, e ao que eu tive que esclarecer que "Ó avó, é a mesma pessoa. Os jogadores que jogam na nossa selecção jogam também noutros clubes".
Como balanço, foi uma noite de futebol ao mais alto nível e em grande companhia. Na companhia de uma pessoa muito importante para mim, e que sofre com a sua equipa como nenhuma outra. Quanto ao resultado, encheu-a de orgulho, porque a contar pelos festejos sempre que dava a repetição do golo solitário da sua equipa, ficou com a nítida ideia que o resultado tinha acabado nuns expressivos 6-0.
Será que este é o mal do qual sofrem todos os lagartos? 
Se for, muita coisa fica explicada!  

sexta-feira, 28 de março de 2014

O meu bigode voyeur part.II


Este post pode ter conteúdo não aconselhável a todas as idades. Principalmente dos 99 anos para cima!
A minha vida é rotineira como sabem. O que não sabem é que me iniciei numa das práticas mais famosas do mundo. Em francês voyeur, em português coscuvilhice com nudez à mistura. Algo que foi inserido na minha vida de uma forma totalmente alheia à minha pessoa, ou seja, não fui eu que me interessei pelo voyeurismo mas sim o contrário. Circunstância da qual hoje sou refém.
Todas as manhãs, o meu pequeno almoço de novela brasileira é acompanhado por sessões de voyeurismo e nudez. 
Como vivo numa urbanização em que os prédios se perfilam lateralmente, os vizinhos ficam todos de frente a frente, o que torna a vizinhança desta zona pessoal muito íntimo. Outra das particularidades destes edifícios, é que agarraram as modernices e não existem cortinados, nem calhas para os colocar. A única coisa que nos separa da casa do vizinho é o vidro duplo e um estore. Sendo assim, estão reunidas todas as condições para a prática do voyeurismo involuntário ao mais alto nível.
Depois desta breve explicação técnica, regresso agora ao momento matinal da ingestão do pequeno almoço.
Como todas as pessoas, também eu quando acordo tenho a preocupação de levantar os estores para deixar entrar a claridade e ver como está o tempo lá fora. Nestes dias mais cinzentos é uma prática ainda mais necessária, pois a claridade é escassa. Logo, por vezes, é necessário acender uma luz. Logo, com estas condições, todas as casas ficam extremamente visíveis a qualquer olhar desnudo. 
Esteja frio ou calor, sol ou chuva, gosto sempre que tomar o pequeno almoço na varanda para ver quem passa, e sentir o dia a nascer. O problema é que o edifício em frente, à medida que o meu pequeno almoço é mastigado, vai subindo os estores à vez, tornando-o uma espécie de tela gigante de cinema mesmo em frente a mim. E aqui começa o festim.
Acreditem que tento olhar o menos possível, até porque sinto que é falta de respeito, mas é impossível na maior parte das vezes não ver o que se coloca mesmo em frente aos nossos olhos. E acreditem, já vi de tudo. Mas o mais casual é ver senhoras desnudas, trocando de roupa enquanto desfilam pela casa. Por vezes até sinto que sabem que estão a ser observadas, e que fazem de propósito. Vá, noutras palavras, posso afirmar que já vi os seios e algo mais, a 80% das minhas vizinhas da frente! 
Até aqui até posso concordar não ser uma coisa má de todas, mas depois vejo coisas que não sou capaz de relatar aqui. Tenho vergonha! O que certas pessoas conseguem fazer logo ao acordar é incrível.
O certo é que se calhar, uma dessas minhas vizinhas escreve neste momento o mesmo que eu, mas em relação à minha pessoa. Principalmente no Verão. Eu que sou uma pessoa bastante encalorada...
Se estão nesta mesma situação que eu, não hesitem em partilhar essas experiências com o mundo, porque pode ser muito prejudicial à saúde mental guardarem certas coisas, como esta, para vocês e depois cruzarem-se com as vossas vizinhas na rua!
Fica a tormenta pela qual ando a passar actualmente... 

quarta-feira, 26 de março de 2014

Long Live Rock 'n' Roll nº50


50 posts depois, a saga continua e está longe de chegar ao fim.
Na senda dos grandes Hellacopters, surge-nos um pequeno legado capaz de nos encher os ouvidos de energia, e daquele rock n roll rasgadinho, sem muitos truques, mas com tudo aquilo que mandam as regras. Sabem aquele som que nos remete para uma condução a 200 km/h? É disso que vos quero falar hoje.
Apresento-vos os Turbowolf:


Turbowolf são uma banda de stoner rock formada em Bristol, Reino Unido, no ano de 2008. Os seus integrantes são Chris Georgiadis na voz, Andy Gosh na guitarra, Joe Baker no baixo e Blake Davies na bateria. 
O primeiro álbum da banda é homónimo e foi lançado no dia 11/11/11.????
Esta malta britânica, com de resto já nos habituou, consegue sempre levar o rock a um patamar de pica que nenhum outro país consegue.
Ao vivo diz que são brutos, e que partem tudo por onde passam. No entanto, ainda com apenas um álbum editado, nota-se que é uma banda para crescer, mas com identidade já bem definida.
Eis o primeiro, e único single da banda. Bem chanfra de resto:

 

Deixo-vos assim. 
Um bem haja e um queijo da serra!


terça-feira, 25 de março de 2014

Mercado de Fusão: "Café Bombeiro"


Lembranças de infância...Tempos de ciclo preparatório. 
Longe vão esses tempos, mas porventura são os meus melhores tempos de escola. E também aquele que me preenche mais a memória. Talvez por eu ser muito bem comportado e nunca fazer asneiras nenhumas...um chamado paz de alma, era eu!
Havia quem dissesse que naquele tempo tinha energia a mais, o que hoje se chama de puto hiper-activo. O que eu nunca revelei foi a minha fonte de energia dessa época. Tudo tem uma explicação e esta é bem simples, e esteve disponível a todos. Se não a aproveitaram também já não vão a tempo.
A minha "bomba de gasolina" tinha o nome de "Café Bombeiro", ou curriqueiramente aclamado pelo "Café do Sr. João". Estabelecimento sobejamente conhecido naquele tempo, naquelas bandas, por todos os miúdos e graúdos que rondavam a zona do Clico do Cartaxo. 
Situado num r/ch de um velho edifício de habitação, detinha dupla entrada e saída para a escola, que estava ali bem a uns 10 metros. 
Uma espécie de apêndice do conhecimento escolar. 
Muito sui generis era a sua oferta, que englobava nos mesmos serviços: restaurante; tasca; sala de jogos; taberna; snack-bar; e mais importante que qualquer outro serviço anterior...loja de gomas. Talvez a primeira e mais mediática de todo o Cartaxo. A freguesia dividia-se a meias com dois grupos bem distintos: putos reguilas como eu, e bêbedos como o mítico Zé Lucas. Sendo assim, era um espaço bastante ecléctico, e um roteiro obrigatório, tanto para amantes de guloseimas como de vinho e afins. 
De referir ainda, podendo ser interessante, que as mãos que serviam um copo de vinho eram rigorosamente as mesma que serviam gomas 5 segundos depois, sem precisar de qualquer tipo de utensílio, ou mesmo de passagem por água, o que conferia ás unhas do Sr. João, e à sua família, uma panóplia de cores de fazer inveja à higiene, ou mesmo às famosas unhas de gel. 
Ali tudo tinha o seu encanto. Conseguia ser literalmente um mercado de fusão, onde as gomas sabiam a vinho tinto e o vinho tinto era com certeza mais doce. Já para não falar das vezes que os petizes saiam a correr do famigerado estabelecimento, guardando secretamente as suas guloseimas, com medo dos gatos que vagueavam por cima das caixas de gomas. A táctica era simples: optar o quanto antes, pelas gomas que ainda não tinham sido lambidas pelos bichanos.
Naquele mercado de fusão, o ambiente era muito familiar, muito por culpa do à vontade com que os proprietários, marido e mulher, aproveitavam as horas de enchente para pôr a discussão em dia (o teor das discussões não sei, porquê tinha ainda 9 anos, e ainda não sabia todos os palavrões que existiam em bom português). Pronto, era no fundo um ambiente para homens e mulheres de barba rija.
Assim que a campainha soava para o intervalo, a romaria começava. Atravessava-se a estrada até ao oásis de tentações que o "Café Bombeiro" tinha para oferecer. Relembro agora alguns ícones da gulodice disponíveis naquele estabelecimento: rebuçados vampiros, amoras, peta-zetas, bolicaos, batatas fritas, bifanas, bombas de Carnaval, balões de água...oh desculpem-me, a minha memória por vezes atraiçoa-me!
O que é certo é que, toda aquela geração que passou pelo "Café Bombeiro" e ingeriu a sua fonte de energia, hoje são pessoas extremamente saudáveis, detentoras de uma saúde de ferro, capazes de comer em qualquer restaurante chinês sem qualquer tipo de constrangimento. Não há cócó que nos meta nojo!
ASAE se me estás a ler: se existisses há alguns anos atrás, irias ter uma dificílima tarefa pela frente, se por ventura te passasse pela cabeça, algum dia, fechar aquela a que hoje muitos chamam de espelunca, e que naquele tempo era a melhor casa de repasto de todo o Ribatejo. Nem que nos tivéssemos todos que barricar dentro do café. E quando digo todos, refiro-me a toda a clientela do "Café do Sr. João", fossem elas crianças, adultos ou animais!

PS: durante este post, por ter que me contextualizar e sentir o que sentia há 20 anos atrás, recorri duas vezes à casa de banho, ambas para regurgitar. Agora está tudo bem.     

segunda-feira, 24 de março de 2014

Ténis, sneakers, sapatilhas, vícios e adições!


Hoje falo de adições. Quem não as tem que manda a primeira pedra.
Eu tenho várias, e todas elas vão desaguar sempre no mesmo contexto. E desta vez o suspeito do costume são os irresistíveis ténis.
Desde muito cedo, esta minha paixão (ou vício) pelo calçado, nomeadamente por ténis, começou por fazer doer (e de que maneira) a carteira dos meus pais. Centenas de viagens a Lisboa e Vila Franca para comprar aquele par que ninguém tinha, e que depois toda a gente iria invejar. Esse era o objectivo: ter sempre os mais populares da escola.
Quanto a marcas, deixando de lado as centenas que foram para o lixo com esperança média de vida de 3 semanas, resta-me iniciar a minha adição pelo que calço, desde que comecei a olhar e cuidar dos meus ténis como se de uma parte de mim se tratasse. Sempre imaculados, tive desde os saudosos Reef e AirWalk, passando pelos tradicionais All Star e Vans, largando a nota por DVS, DcShoes...acabando mais recentemente com New Balance, Gravis e Volta. Na minha sapateira tenho pelo menos um exemplar de cada um destes últimos, sendo que à data de hoje detenho 14 pares de ténis que ainda uso, e dos quais tenho a maior vaidade. Sempre ordenados por tipos ou marcas, são um motivo de orgulho enorme!
Afinal, a meu ver, os ténis são aquele acessório de define e demarca, logo à partida, quem somos. É talvez o acessório de moda que mais reflecte a personalidade de quem os calça.
Ultimamente, muito por culpa da Gravis, New Balance e Volta, serem marcas das quais já tenho tudo o que gosto, e pela oferta também não ser muito vasta, andei uns tempos à nora, sem saber ao certo qual seria o meu passo seguinte. Até que vim a descobrir que ele esteve sempre ali, bem debaixo do meu nariz, um clássico e meu velho amigo, que em tempos já me tinha levado a passear, e que me deixou um dia sem deixar rasto.
Falo-vos da minha redescoberta da marca Vans. Depois de tantos anos, a marca californiana, que eu pensava esgotar-se pelos tradicionais modelos dos putos, apresenta todo um universo obscuro para o simples mortal, mas também fascinante para quem tem a astúcia de a descobrir. Assim, renasceu um novo amor nos meus pés. 
Só para terem uma noção (igual à que eu não tinha) em Portugal a Vans apenas vende cerca de 30% da sua colecção total. O senso comum apenas se apercebe dos modelos que toda a gente usa, existindo depois todo um universo de modelos exclusivos e edições especiais de ténis, que nada têm que ver com o resto da colecção mais brejeira. Deste modo, posso afirmar que muito recentemente fui conhecer a "galinha do ovos de ouro" da marca californiana, galinha essa que se paga a preço de ouro. E assim, passa a ser a minha carteira a chorar.
O bom gosto e a qualidade são ponto de honra, em ténis que são feitos totalmente à mão (especializada), que apresentam designes elaborados por parceiros de renome mundial, dos quais eu destaco o japonês Taka Hayashi. Ténis que me enchem as medidas!
Como já disse, a oferta é enorme neste universo premium da Vans, sendo que eu tenho tido alguma dificuldade na hora de clicar para comprar (visto que apenas existem no estrangeiro). Acontece que a semana passada me chegaram aos pés esta pequena delícia:


Procurava uns sapatos para o Verão há já algum tempo, e qual não foi o meu espanto que a tão menos óbvia Vans, a par com Hayashi, tinha uns perfeitos para mim! Assim que vi a caixa e comecei a abri-la, notei logo que se tratava de qualquer coisa muito especial, até porque parecia a caixa de uma jóia, cheia de acessórios e mariquices.
Agora, o problema disto, é que continuo a ter apenas dois pés e mais uma mão cheia de novas opções de futuro. 
Clínicas de reabilitação para esta adição, existem em Portugal, ou também vou ter que comprar no estrangeiro?? 
   

sexta-feira, 21 de março de 2014

Ser-se filho único aos 28 anos



Sempre o fui e sempre o serei (a menos que a Mãe natureza nos ofereça uma milagre dos seus.
Sou filho único, e posso até dizer que sou feliz assim. A esta hora já a maior parte de vocês, que têm irmãos, me estarão a achar egoísta e todas aquelas coisas que temos que ouvir a vida toda, como se tivesse-mos culpa de assim o ser. Isso mesmo que vocês pensam agora, isso mesmo: desde mimado a menino da mãmã, aceito tudo com o maior dos prazeres. Mas não é dos meus tempos de incómodo infantil, com esta posição de pessoa singular, que vos quero falar hoje. 
Hoje quero-vos falar de como é ser-se filho único 28 anos depois, e num dia como este. Cinzento, chuvoso, triste, em que o estado de espírito não é o melhor, por uma ou outra razão que não interessa agora para aqui.
Porque ser-se filho único não significa crescer-se filho único, eu sou os dois. E assim sendo, desenvolvi até ao dia de hoje formas diferentes de lidar com as diversas situações da vida, moldadas pelo facto de não ter irmãos, e muito mais de nunca os ter tido.
Quero com isto dizer que quando era um puto e ficava de castigo, estando numa situação menos agradável e sozinho no quarto, o meu único apoio e ombro amigo era eu próprio. Logo, chorava o que tinha de chorar, pensava o que tinha que pensar...e restaurava o meu bom humor quando bem entendia e sozinho. Por outro lado, nos momentos mais felizes, por exemplo aquando de uma brincadeira, brincava de forma diferente de quem tem irmãos, ou seja, brincava comigo próprio e com todos aqueles que a minha imaginação podia alcançar. Para o bom e para o mau era eu o único responsável, mesmo olhando em redor nunca via sombra de mais ninguém.
Deste modo, crescer-se filho único é um pouco saber sobreviver sozinho ao mundo. Tenho a certeza que outra pessoa que tenha crescido no seio de "mais do que um", reage hoje de forma diferente às diferentes situações. A meu ver, a pessoa que hoje somos (carácter...), foi baseada neste factor de nos vermos como um ser singular ou plural.
Crescer-se filho único como eu, é estar a todo o momento a pensar, é absorver e filtrar tudo o que está ao nosso redor, é sentir só para nós, é não transparecer facilmente o estado de alma, é sofrer sozinho, é rir-se por dentro, é aprisionar tudo dentro de nós sem que os outros percebam, porque temos que ser nós a saber lidar com as situações sozinhos. E sabemos. Sabemos porque fomos crescendo assim. É ter a necessidade de estar sozinho e descansar, breves ou demorados momentos, na solidão...
Pode mesmo parecer estranho para a maioria das pessoas, mas a solidão para mim tem sido um porto de abrigo.
Para mim, ter crescido e ser filho único, é o mesmo que ser náufrago numa ilha, mas por opção.
Mesmo hoje, 28 anos depois num dia "cinzento", continuo a ser "muito EU". Por ser filho único não sou melhor nem pior pessoa, mas sou "muito EU". 
Vão-se habituando: as coisas boas partilho-as com toda a gente. As coisas más ficam todas comigo. Sempre foi e sempre será, porque sou "muito EU".   




quinta-feira, 20 de março de 2014

Dia dos Pais: o lado menos charmoso


Internautas e pessoas em geral, como bem sabem ontem foi dia do Pai. Aliás mesmo que nos façamos de distraídos, por uma ou outra razão, essa verdade, como muitas outras, embatem contra nós de frente nos dias que correm. 
Qualquer que seja a data, ou o seu significado, as redes sociais funcionam como autênticas inflamações às invenções do marketing.
Contudo, como é óbvio, é um dia que me diz muito porque sou um filho babado pelo pai que tenho. Serei apenas mais um, não se preocupem...
Mas deixando as lamechices de lado, até porque acho ridículo mais uma vez as pessoas esbanjarem a sua privacidade ao mundo, só para dizerem que amam uma pessoa que é óbvio (o mundo já parte desse princípio pessoal). O que me traz aqui prende-se com isso mesmo: as milhares de dedicatórias aos pais, acompanhadas com a respectiva carta e foto.
Palavra acima sublinhada, porque foi esta que transformou o meu facebook num dossier de seres tenebrosos. Sempre tive a consciência de que a figura do Pai, por vezes, tem um teor de respeito, figura imponente e intocável para um filho. Uma espécie de Deus na terra. E isso é bonito. Não gosto muito daquele conceito novo do pai/amigalhaço de copos. Um Pai tem que ser sempre um exemplo e uma referência. O que não sabia, até ontem, é que a grande maioria dos Pais que o facebook trouxe até ao meu mural, são criaturas horríveis. A cada scrool down que fazia uma criatura das trevas pairava sobre o meu ecrã. Os Pais podem ser seres horrendos. Por outras palavras, grande parte dos pais que vi ontem, para além de serem excelentes exemplares do seu género, são feios!



Será muito errado dizer que existe mais beleza no dia da Mãe do que no dia de ontem?
Depois reflecti muito sobre o meu futuro, porque uns dos meus grandes objectivos é ser pai. Mas será que depois corro o risco do meu filho/a postar nas redes sociais fotos que revelem a minha parte menos charmosa? Sim, porque anda um homem uma vida toda a zelar pela sua integridade e imagem, e num revés momentâneo, levado a cabo por um nosso petiz, toda "maquilhagem" cai por terra sem que tenhamos voto em qual a foto a postar...
Males de ser Pai!



terça-feira, 18 de março de 2014

"Festival de enchidos saloios RTP 2014"


Não aguento mais. Tenho que desabafar. E sei que não sou o único, por isso aproveitem o mote e revoltem-se. 
Desde sempre que oiço falar do Festival da Canção. É daquelas coisas que nos perseguem ano após ano, e que nos acompanha nas nossas vidas, sem que nós tenhamos culpa.
Sempre ouvi os mais velhos dizerem que o Festival da Canção era daqueles momentos televisivos que prendia famílias e famílias, em casa uns dos outros, no tempo em que a televisão ainda se aparentava pálida de cores vivas. Era uma espécie de momento alto do ano, como se de um jogo decisivo da nossa selecção nacional de futebol se tratasse. 
"Grandes artistas passaram por lá", é sempre uma frase que oiço sempre que me deparo com tal concurso na velhota RTP1. Esta é a geração dos nossos avós e pais, que ainda hoje conseguem nutrir um sentimento especial por este programa anual. Percebo que já os tenha enchido de orgulho músicas como o "sobe sobe, balão sobe", "desfolhada portuguesa", "e depois do adeus", "flor de verde pinho", "playback", "conquistador"...tudo canções que marcaram gerações e continuam a ser lembradas como símbolos nacionais, tornadas célebres por artistas como: Simone de Oliveira, Carlos Paião, Madalena Iglesias, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo...que enchiam de orgulho, em tempos, na hora de nos apresentarmos à Europa na Eurovisão.
Agora pergunto eu: Quando uma coisa passa a ser ridícula não será melhor bani-la das nossas vidas?
A sensação com que fico sempre que me deparo com a música vencedora, ano após ano, é de perplexidade extrema! Se calhar sou apenas eu que me sinto envergonhado, sempre que oiço uma espécie de trilha sonora banhada do mais saloio que existe. Bem sei que o festival já não tem a importância doutros tempos, mas convenhamos que somos um país com alguma história e reputação a defender. E se as coisas não andam bem com a nossa imagem lá fora, seria no mínimo sensato, não vomitarmos o que nos apetece porta fora. Parecendo que não, os nossos vizinhos também têm ouvidos.
Tudo é uma questão de bom gosto. Tudo, menos o Festival da Canção em Portugal. Afinal não nos podemos esquecer que a canção vencedora é a melhor entre muitas outras. Agora imaginem as que ficaram pelo caminho.
Mas quem é que escolhe estes montanheiros e as suas modas? 
Mal por mal, se é para representar a tradição em Portugal levem um rancho folclórico qualquer.
Agora isto...:

(2014)

Canção vencedora, artista vencedora, letra vencedora (Emanuel), roupa vencedora...
A ideia com que fico é que esta gente anda a gozar com a malta há largos anos. Pena porque, como se sabe, o Festival da Eurovisão sempre teve alguma influência política.
Ora, agora era eu júri deste concurso...deveria eu chorar ou rir? Ou chorar a rir?
Parem com isto, por favor, não aguento mais!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Sushi-fusão ou Sushi-confusão!!??


Há uns dias quebrei uma das minhas promessas para a vida: comer apenas o sushi que faço, e nenhum outro (ok, sem contar com o de alguns meus colegas de curso, bem como o do Mestre Morais). Não por ter falta de humildade ou presunção a mais, mas sim por amor àquilo que acredito ser uma arte, e que hoje, a maior parte, tende a banalizar. Pois, mais uma vez, os lucros falam mais alto.
No início do curso, o Chef. Paulo Morais, disse-nos uma coisa que jamais esquecerei, para meu bem: "Em Portugal, apenas 10% dos restaurantes de sushi, o são realmente. O resto é um faz de conta".
Esta frase começou por fazer sentido logo após o terminus da minha formação, porque tendo eu agora mais algum know-how sobre a matéria, já sou perfeitamente capaz de separar o "trigo do joio", em relação ao bom e ao mau sushi. Outra coisa que aprendi, é que se tiveres o conhecimento necessário, não precisas de provar um sushi para saber que o que está ali não é nada.
Hoje, existe uma proliferação monstruosa de restaurantes de sushi por todo o lado. Aqui em Lisboa então...acho que já são mais que as lojas de chineses. O que até tem a sua lógica, porque a procura assim o pediu. Para além de estar na moda, fica sempre bem toda a gente saber que vamos, ou fomos comer ao sushi. O que torna isto tudo mais fácil para o investidor, é que existe muita procura, mas, como nos restaurantes, apenas 10% dela é qualificada (aquela que não se interessa apenas em encher o bandulho por 12 euros). Até porque, se não sabem, o sushi nunca foi, não é, nem nunca será, um prato de buffet...antes, é um prato de ingestão quase imediata. Foquem este último factor na hora de escolher o sítio onde vão comer (já é um bom princípio).
Sendo esta procura uma presa fácil, ajuda bastante o restaurante a poupar nos gastos com a qualidade. Porque 60% dos "sushimens" que trabalham em restaurantes lisboetas, são nepaleses que anteriormente lavavam a loiça, escamavam peixe, faziam a limpeza ao restaurante, tudo por 400 euros mensais...ou seja, sem qualquer tom discriminatório, são recursos humanos sem qualquer tipo de formação ou especialização, que foram ensinados a produzir de forma standart uma vez, e irão continuar a fazer exactamente a mesma coisa até ao dia que morram (sempre por 400 euros), mesmo se alguém entretanto os tentar ajudar a evoluir (sei do que falo, porque tive 3 meses num dos restaurantes de sushi mais apreciados em Lisboa, e no início a mão de obra era extremamente qualificada e paga de acordo, no entanto, hoje não resta lá nem um...).
Bem sei que o típico tuga gosta é de comer muito e pagar pouco. Mas o sushi não é uma bifana. E o bom sushi paga-se bem. A qualidade paga-se, pois é ela que faz toda a diferença de restaurante para restaurante.
Voltando ao início, quebrei uma das minhas promessas de vida e estou devastado.
Certo dia destes, querendo agradar a gregos e troianos, decidi ir almoçar a um restaurante de sushi aqui perto de casa, pela primeira vez. Sentei-me, fiz o pedido, e fui extremamente bem recebido pelo staff. Primeiro vieram os hots, que são sempre agradáveis pois não têm nenhuma ciência na confecção. Simples, boa apresentação, tudo de acordo. O pior veio a seguir, ou seja, aquilo para o que eu já estava preparado e resisti até então, olhando para trás do sushibar e vendo três "robots" nepaleses, que nem respiravam, nem tiravam os olhos do balcão nem na hora de fazer subir os pratos. Grandes funcionários devem ser, de certeza!(fartam-se de trabalhar, isso é verdade) Assim, surge-me um prato na mesa que mais parecida uma salda de fruta. O que me levou a pensar que já seria a sobremesa. Mas depois ao analisar melhor, reparei que não podia ser porque "aquilo" tinha Douritos da Matutano por cima de um dos rolos de sushi....fartei-me de rir!
Primeira e última vez, portanto.
Só mais uns conselhos: nem sempre os restaurantes mais cheios são os melhores, nepaleses no sushibar é sempre de desconfiar, fugir de buffets, reparar sempre na montra do peixe antes de se sentarem, e se possível, como é tradicional no Japão, e para aqueles mais entendidos e audazes, peçam sempre uma bola de arroz para que possam perceber se vão comer sushi ou gomas com peixe. 
Não se deixem ir em cantigas. 
Não existe sushi-fusão. Existe sim, sushi-confusão!!
Deixo-vos com um video que vos mostra o verdadeiro:

         

sexta-feira, 14 de março de 2014

Ao que parece somos apenas uma gota de água...


As minhas segundas feiras à noite são religiosas. Por volta das 22:15 da noite, quem me quiser encontrar, é colado ao pequeno ecrã da minha sala, com os olhos postos nos novos episódios de Walking Dead (que de resto, não me têm cativado grande coisa).
Mas a FOX, sendo dos canais que mais auto-publicidade faz, já com muita antecedência vinha alertando para uma estreia imperdível. Tratava-se de uma série/documentário da National Geographic, repleta de enigmas e efeitos visuais à mistura. De tantas vezes que fui bombardeado com tal anuncio, nunca mais me esqueci que seria na passada segunda-feira, logo após o Walking Dead, a estreia da tão badalada série que iria mudar a nova visão sobre o que nos rodeia, e do meio onde estamos inseridos.
No dia seguinte (terça-feira) recorri às gravações automáticas da TV e retrocedi para ver o que então ela tinha para me oferecer. Pelo menos tinha o selo da NG, o que já era de confiar em qualidade assegurada.
Resultado: mesmo cambaleando de sono, deparei-me com uma série fascinante e tremendamente bem feita. O recurso aos mais elevados padrões de qualidade, em termos visuais, e uma narrativa cativante, leva-nos numa viagem sem fim pelos vários multiversos em que, nós seres minúsculos, estamos inseridos.
A saber: Mais de três décadas depois da incrível viagem pelo universo de Carl Sagan, chega a Portugal "Cosmos: Odisseia no Espaço". Uma série documental produzida por Seth MacFarlane (Family Guy) e Ann Druyau, com estreia global dia 10 de março, às 23.00 (hora de Portugal), em mais de 90 canais da NGC e 180 da FOX International Channels.
Mais de três décadas depois do primeiro Cosmos: A Personal Voyage, a incrível viagem pelo universo de Carl Sagan é agora apresentada e continuada numa nova versão produzida por Seth MacFarlane que se junta aos colaboradores criativos originais do Cosmos de Carl Sagan - produtora executiva e escritora Ann Druyan e o co-autor e astrónomo Steven Soter - para conceber esta série de 13 episódios.
A estreia acontece a 10 de Março, às 23.00 (hora de Portugal), com menos de 24 horas de diferença em relação à emissão nos Estados Unidos.
Tal como aconteceu com a série de investigação criminal "The Bridge", "Cosmos: Odisseia no Espaço" irá estrear em simultâneo em todos os canais FIC - Fox, Fox Life, Fox Crime, FX, Fox Movies e National Geographic (NGC), sendo os restantes 12 episódios emitidos exclusivamente no NGC.

Desde muito novo tenho o hábito de, nas noites estreladas de Verão, colocar toda a minha atenção no nosso "tecto". Para além de ser lindíssimo, sempre foi um fascínio indesvendável aos meus olhos, e um quebra-cabeças para o meu cérebro. Afinal, quem somos nós e o que fazemos aqui? Será que somos sozinhos? O que estará para lá do nosso sistema solar e da via láctea?
Tudo questões que com o avanço da ciência obtemos as nossas respostas nesta série a não perder.
Deixo o trailer:

      

quinta-feira, 13 de março de 2014

Long Live Rock 'n' Roll nº49


Hoje, quando acordei uma música não me largava a cabeça. Tudo normal até aqui. Acontecesse-me montes de vezes tal coisa, sendo que sou um enorme consumidor de música. Mas desta vez, fora todas as outras, não entendi o porquê daquela música. Aquela música que já não ouvia, sei lá...já nem me lembro, mas sei que foi há vários anos.
Depois a minha rotina matinal foi toda ela feita numa correria, na pressa de chegar ao carro e colocar aquela tal música a rodar no meu rádio, como se de um toxicodependente ressacado se tratasse. Carreguei no "play" e uma sensação de êxtase tomou conta de mim, a juntar ao Sol que brilhava.
Pode parecer-vos um pouco estranho eu colocar aqui um post destes, mas este espaço é essencialmente reservado à música de qualidade. E este é um caso gritante disso.
Falo-vos de O Rappa!


Definindo: 
O Rappa é uma banda brasileira conhecida pelas suas letras de forte impacto social. O seu estilo não está exactamente definido, nem mesmo pela própria banda. Embora seja de início principalmente reggae e rock, a banda também incorporou elementos de sambarap e MPB. Um dos seus maiores sucessos, a faixa "Pescador de Ilusões", composta pelo baterista do grupo na época, Marcelo Yuka, tornou-se sucesso no CD em que foi lançada primeiramente, "Rappa Mundi", e novamente no Acústico MTV de 2005, com o refrão "Valeu a pena, valeu a pena"
O mesmo feito de popularidade veio com a canção "Me Deixa", também de Marcelo Yuka. Em 2005 foi lançado o Acústico MTV, no qual a banda resgata alguns sucessos e outras canções nem tão famosas, do primeiro ao último disco lançado na época, e introduz duas canções inéditas: uma feita especialmente para o Acústico"Na frente do Reto" - e outra que entraria em "O Silêncio que Precede o Esporro" - "Não perca as crianças de vista" - mas ficou de fora da lista de canções. 
O Rappa já vendeu, contando com álbuns de estúdio, ao vivo, álbuns de video, singles, Ep's e etc, mais de 5 milhões de cópias em todo o mundo.
No que me toca, Marcelo Falcão (vocalista) e companhia, marcaram uma fase da minha adolescência, muito por culpa desse álbum acústico para a MTV, que ouvi milhares de vezes naquele que foi o rádio do meu primeiro carro (Peugeot 106 xt, estás no meu coração onde quer que estejas). 
A energia positiva que transmite esta banda, a mim cativa-me, mas é muito mais que isso, porque a banda está repleta de excelentes músicos, o que torna a secção instrumental fascinante.
Posso mesmo dizer que nessa fase Falcão foi mesmo o meu herói, não só pela música, mas muito mais por ter o descaramento de namorar a Débora Seco durante anos e anos. Safado!
Depois, falando com amigos brasileiros, percebi que a banda e Falcão, têm uma moral tremenda em todo o Brasil, e principalmente na sua cidade RJ, onde não podem sair à rua sem serem adorados pelo povo.
O engraçado é que, depois de tantos anos sem ouvir esta banda, fui à procura de saber o que seriam deles, e qual não foi a minha surpresa ao saber que lançaram um álbum em 2013 "Nunca tem Fim", do qual destaco este "Anjos", que me hipnotizou à primeira audição:



Foi assim o meu dia auditivo de hoje.


terça-feira, 11 de março de 2014

Cheiros que ficam...


Num destes fins de semana que passaram, fui até ao Algarve, nomeadamente Albufeira, passar dois dias em trabalho. Sem saber muito bem onde iria ficar hospedado, foi-me dito que iria ser num qualquer hotel da Inatel. Algo que me fez suspirar de alívio, porque como é sabido, os hotéis desta cadeia têm como principais hóspedes pessoas mais velhas, o que conferia ao meu fim de semana um contexto de tranquilidade que eu bem procurava. Quando lá cheguei, confirmei essa mesma hipótese.
Longe estava eu de saber, que esses dois dias me iriam levar numa viagem de cerca de 20 anos ao meu passado. Tudo por causa dos cheiros que pairavam no ar, um pouco por todo o hotel. Nas poucas vezes que me vi obrigado a deambular pelos corredores do estabelecimento, houve sempre um cheiro que me remetia aos momentos mais felizes e nostálgicos da minha infância: aos meus tempos de primária.
Demorei apenas alguns segundos a perceber que a maior parte das senhoras, excursionistas da 3ª idade, que passavam ali um belo fim de semana, usavam um perfume (aquele perfume) que só não me levou às lágrimas, porque sou um "tuff guy" do pior. Era o perfume que cheirei todos os dias, durante os meus primeiros 4 anos de escola primária. O adorável e inconfundível perfume da professora Mélita!!
E pronto, bastou-me ter esse cheiro perto do meu nariz durante dois dias, para recordar tudo aquilo que, de vez em quando, me esforço a não esquecer. É realmente incrível como, tantos anos depois, existem coisas (neste caso, cheiros) que nos remetem a sítios, contextos ou mesmo pessoas em concreto, e nos fazem sentir as mesmas coisas que sentimos anteriormente. Foi como me tivessem metido numa máquina do tempo, que me levara numa viagem de regresso à sala 1 da Escola do Centro no Cartaxo. 
Eu estava lá!!
Consegui ver a sala, a disposição dos meus colegas pelas mesas e cadeiras, os rostos de cada um, sentir o sabor do leite com chocolate, da plasticina nos dedos, e do terrível flúor...mas mais que tudo, estava lá, em pé em frente à sua secretária, a magistral professora Mélita, com a sua bata branca, o seu cabelo sempre arranjado, os óculos na ponta do nariz, os anéis, e o seu cheiro...aquele perfume que me irá acompanhar para sempre. 
Sempre que passo na rua e me cruzo com alguém que deixa um rasto daquele perfume pelo ar, vá com pressa ou sem ela, paro sempre procurando na esperança de ser a minha querida professora. Para terem uma noção do quão este cheiro me agrada e mexe com os meus sentimentos mais belos, sempre que presenteio este cheiro nalguma senhora, dá-me vontade de abraçá-la e nunca mais largá-la. Se pudesse escolher uma palavra para descrever o que sinto sempre que o meu olfacto identifica tal odor, com certeza seria TERNURA.
Que saudades!!
O que torna isto ainda mais especial, é que sei, que todos os meus colegas sentem o mesmo que eu. Não tivesse sido a professora Mélita uma das mulheres mais importantes nas nossas vidas.
Esta é a minha singela homenagem à melhor professora do mundo.        


segunda-feira, 10 de março de 2014

Actualidades


Sem saber bem o que escrever hoje, decidi-me rapidamente por escrever um mix do que têm sido estes dias agitados em Portugal.
Primeiro urge perguntar se o "caso" do Meco já foi resolvido? É que nunca mais se ouviu falar em tal coisa.


Depois, parece que o Sol decidiu dar um ar da sua graça nestes últimos dias, o que levou o tuga a venerar os dias solarengos como se de lagartos se tratassem...pudera, não fossem as selfies a moda do momento!


Na semana passada, a GNR, PSP e ASAE voltaram a investir sobre a escadaria da Assembleia da República. Vá lá malta, toda a gente sabe que quem sobe 20 degraus, some mais 5 ou 6 sem ter que tomar "Voltaren Articulações" no dia seguinte. Uma palavra de apresso a todos os intervenientes na manifestação, pelo belo momento de teatro em directo, coisa que os portugueses já não sabiam o que era desde o saudoso "Grande Noite".

(achei que na Ucrânia se utilizassem mais efeitos especiais)

No passado sábado foi dia da mulher. Que dia tão lindo, (digo eu) não fossem algumas labregas histéricas aproveitarem a deixa para deitare por terra a reputação do sexo feminino, ao aproveitar para transformar aquela noite num hino à quengaria. Nessa noite à quem aproveite para soltar a franga monstruosa que se encontra aprisionada o ano todo. Depois é o que se vê.


No futebol, o ânimos andam um pouco exaltados. O Paulo Fonseca foi despedido e o Porto ganhou, finalmente. O Benfica continua imparável, em 1º e a jogar bom futebol. Prova disso, foram os 58 mil adeptos que pintaram ontem o jogo com o Estoril. Por último, já estamos em Março de 2014 e o Sporting continua a acreditar (ainda que de uma forma cobarde) que pode ser campeão...deixem-se de choros, continuem a apostar nos jovens, e daqui a 5 anos podemos falar nisso!
Na reunião da Liga de clubes, segundo o que consta, Carlos Pereira terá chamado "velho gágá" a Sir. Pinto da Costa. Algo que não concordo nada, depois de ter visto a sua fantasia de Carnaval.


O nosso presidente da República diz que vão ser precisos 30 anos para que Portugal volte a ser o que era. Ora bem, pelas minhas contas são os mesmos que demoramos a chegar ao dia de hoje...


Quanto a mim, nada de especial. 
Ah, é verdade! Esfolei-me no cotovelo a jogar à bola, coisa que já não acontecia desde 1993...(poderia ser importante para vocês)
Os cães ladram e a caravana lá segue o seu caminho, deixando um rasto de poeira asfixiante pelo ar...

   

quinta-feira, 6 de março de 2014

Outra vez???


Filosoficamente falando, esta semana tive uma "saída" que só mais tarde me apercebi o quão lógico e significativo é. Mais concretamente: "Despejar o lixo? Outra vez?"; "Sim outra vez. Tudo o que fazemos na vida é outra vez!"
Nunca uma coisa me tinha soado a tão simples e tão verdadeiro como esta expressão. Depois gastei um pouco do meu pensamento em torno desta frase, para que agora pudesse falar-vos disto com sustentação.
Se pensarem comigo, toda a nossa vida é uma repetição de tarefas, que por mais insignificantes que sejam, moldam o nosso dia-a-dia, e assim as nossas vidas. Como alguém já afirmou, "somos um ser feito de rotinas e hábitos". Agora começa a fazer tudo mais sentido não é?
Pensem num dia normal das vossas vidas, e contem as coisas que fazemos "outra vez". Sem ser preciso puxar muito pela cabeça, é fácil perceber que repetimos uma grande parte das coisas todos os dias das nossas vida, de uma forma inconsciente. Assim, é comum acordarmos, lavarmos a cara e os dentes, vestir-mo-nos, comermos, sairmos de casa, conduzirmos ou andarmos de transportes, trabalharmos...tudo em forma de looping viciado. É a nossa rotina. Por isso, não será descabido afirmar que são as rotinas e as suas repetições que constroem as nossas vidas.
Depois existem outras coisas que fogem à rotina pontualmente. Viajar para um país diferente, contactar com novas pessoas e contextos...esta é a parte que nos ajuda a perceber que temos uma vida.
Mas mal seria de nós se fosse apenas a rotina a construir o nosso "eu". Ela apenas define o desenho do nosso dia-a-dia. Depois existe algo muito mais complexo que completa a outra parte que nos diferencia uns dos outros: as sensações.
Aqui a história é completamente diferente. Somos também feitos de emoções que sentimos através das diferentes sensações que o mundo nos oferece. Sem querer ser muito isotérico, aqui entra a parte espiritual. Não será por acaso que se fala do nosso "estado de espírito".
Nas sensações, ao contrário da rotina, não existem repetições. Estou em crer que nunca sentimos a mesma coisa duas vezes durante a vida. Mesmo que esta seja proveniente da mesma experiência. Ora a meu ver, quando se ama uma pessoa e por algum motivo esse amor desaparece, o que se segue, não sendo maior ou menor, é simplesmente diferente. Não se amam duas pessoas da mesma forma, mesmo que isso nos seja conveniente e ético afirmar. Temos a característica de sentir coisas diferentes embutidas no mesmo contexto. E isso é a parte maravilhosa da vida. 
Por exemplo, a sensação de se ter o segundo filho, sendo igualmente espectacular, será completamente diferente de quando se teve o primeiro. Quando vemos um filme pela segunda vez acontece o mesmo. Agora para fugir às primeiras vezes, a sensação que temos ao acordar todos os dias será diferente consoante enumeros factores. Levar um abraço hoje, não significa o mesmo que o levar amanhã pela mesma pessoa. Ao olharmos para "aquela" flor que temos na varanda todos os dias, ou seja, de forma rotineira, o que sentimos é todos os dias diferente.
Até nas partes más isso se verifica. Ou alguém já sentiu exactamente o mesmo quando estamos doentes?
Sem querer ser muito chato, mas sendo-o, a vida é tão mais complexa quanto a forma como procuramos o seu significado. Quem o consegue interpretar tende a olhá-la de uma forma muito mais simples.
Por isso, quando questionarem o porquê de estarem a ler as minhas palavras outra vez...é a vida!!!lol
      

terça-feira, 4 de março de 2014

Outros Carnavais...


Antes de mais quero desejar um divertido Carnaval, ou pelo menos o que resta de qualquer coisa deste tipo, que se passa um pouco por todo o nosso país.
Como se devem lembrar do ano passado, este dia está para mim como o 25 de Abril está para os habitantes do Cambodja. Por outro lado, sinto-me um pouco à parte porque, pelo que vejo, sou das poucas pessoas que afirma acreditar que o Carnaval é do Brasil, e que o nosso fado é outro. 
Desculpem a minha ingenuidade mas ainda sou muito jovem.
De resto, não entendo como é que este dia me passa constantemente ao lado, quando somos um povo extremamente alegre e festivo, desnudo de preconceitos, encarolado e cheio de samba no pé.
E acreditem que já lutei muito contra a minha resistência ao dia de hoje, mas com o passar dos anos é talvez a quadra que menos entendo. Passo a explicar contando-vos um pouco do meu percurso pelo Carnaval 2014.
Como a maior parte do Zé Povinho é feito de hábitos, a terça feira de Carnaval é, e pelos vistos continua a ser, dia santo. Quer com isto dizer que ninguém trabalha, aproveitando para soltar a franga perto ou longe de casa. Foi o que fiz.
Ontem após o jantar, surgiu-me um convite para ir até uma das boates lisboetas mais badaladas. Coisa para ser a 2ª vez que lá entrei, aceitei de pronto o convite porque iria estar com amigos e amigas que já não via há algum tempo. "Bem deixa lá ver e ouvir o que isto tem para oferecer" pensei eu, procurando aproveitar o momento ao máximo. Ainda me aguentei 3 horas em boa companhia, durante as quais me apercebi que estava inserido numa festa de Carnaval, e que as músicas que passam nas discotecas da moda são as mesmas que passavam há 10 anos atrás. Pessoal mascarado, e uma média de idades na ordem dos 20 anos. Corri alguns riscos mas cheguei ileso a casa.
Hoje, o grande dia de Carnaval no país que as pessoas acreditam ser do Carnaval, esperava acordar atropelado pelo alto som dos famosos trios eléctricos, ou pela nudez dançante das escolas de samba que seguiriam até ao fim do sambódromo em excitação total. (Depois de adormecer é que me lembrei "Porra, o que é que eu estou a fazer? É Carnaval, e neste país no Carnaval não se dorme durante uma semana). Meio ensonado e extremamente ansioso, corri para a minha varanda, na esperança desta estar repleta de turistas que a alugavam à hora, patrocinados pela melhor cerveja portuguesa, Brahma. Decepção completa! Nunca me tinha acontecido ter perdido o desfile do Salgueiro e da Tijuca, as minhas preferidas aqui de Sacavém e Parque das Nações, respectivamente. No seu lugar estavam duas senhoras, na ordem dos 80 anos, a andar de bicicleta, não tendo qualquer aspecto de rainhas da bateria, um cão a urinar na relva, 10 graus, céu nublado e vento noroeste. No chão, nem vestígios de Carnaval. "Mas afinal quanto tempo é que eu dormi? Nem sou de dormir muito!".
Tomei o pequeno almoço e fui correr para o calçadão de Copacabana. Lá de certeza que ainda era Carnaval. O que encontrei foram petizes mascarados com ar de poucos amigos, pessoas caminhavam cobertas de roupa e com um sotaque esquisito...
Resultado da decepção: vim para casa desolado, tomei banho, almocei chá e torradas e acordei há 5 minutos com frio nos pés...    


segunda-feira, 3 de março de 2014

Oscares 2014 - Rescaldo e a minha viagem a LA


Mais um ano, mais do mesmo. Os Oscares da Academia têm o condão de nos enervar anualmente de tão controversos que são.
Este ano, ao contrário do que fiz o ano passado, irei fazer um balanço daquilo que foi a madrugada passada, tudo com base nos meus gostos pessoais e nas minhas preferências, como é óbvio. A juntar a isto, aproveito para conferir aqui os meus palpites junto do concurso anual do canal Hollywood, ao qual eu dou extrema importância todos os anos. Afinal, quem acertar mais tem garantida uma viagem a LA...
Nos anos já vencidos sempre apostei piamente apenas no meu gosto pessoal, e nunca me preocupei muito com toda a máquina por detrás da noite mais glamourosa do mundo do cinema. Este ano fiz-me esperto e contei com todos os lobbies inerentes aos prémios. E o resultado foi bem mais positivo.
No que concerne ao primeiro prémio da noite, e para mim o mais unânime de todos, acertei em cheio na pessoa de Jared Leto. Mítico!! Na parte feminina falhei redondamente, eu e mais de metade do planeta. Como lobista apostara em Jennifer Lawrence, mas a surpreendente e estreante Lupita, arrecada o seu primeiro Oscar no seu primeiro filme.
No melhor actor, a minha maior dúvida. Matthew e Di Caprio podiam muito bem ter dividido a estatueta, pelos seus fantásticos desempenhos. A sorte calhou a Matthew (e a mim por ter apostado nele) grande vencedor da noite, ele que parece ter encontrado o seu caminho no cinema, depois de alguns registos menos conseguidos.
A melhor actriz, ano após ano, suscita uma dúvida crónica. Cate Blanchett ou Meryl Streep? Duas divas do cinema, e convenhamos, actualmente as duas melhores actrizes de Hollywood. Ganhou a primeira como eu esperava.
No que respeita à realização, a minha primeira falha da noite. Apostara todas as minhas fichas no extraordinário Steve Mcqueen, de quem sou realmente fã. Arrecadou o prémio o estreante Alfonso Cuarón...
O momento alto da noite (para além das pizzas), trouxe-me a minha maior desfeita. Sabia que "12 anos de Escravo" tinha tido uma enorme máquina publicitária por detrás, e as suas nomeações cirúrgicas assim o confirmaram. Mas decidi apostar no "Clube de Dallas" porque era "filme" e juntava a mágica simbiose entre os papelaços dos dois vencedores acima. Falhei e estou irritado, mas corri esse risco pelo coração. Assim, "12 anos de Escravo" foi o melhor filme...
Como rescaldo geral, a cerimónia foi, como sempre, brilhante. Tudo é preparado ao pormenor e nada falha.
A maldição dos Oscares continua a assolar Leonardo Di Caprio, que teima em não ter uma estatueta em casa. E bem que merecia, como é sabido. O grande vencedor da noite foi "Gravidade" que abraçou 7 prémios, em contraste com o devastado "Golpada Americana" que, sendo o mais nomeado da noite, ficou de mãos a abanar. Nem sempre quantidade quer dizer qualidade!
Só um rápido reparo para o melhor filme estrangeiro (que realmente tem sido uma excelente resposta a Hollywood em termos de qualidade), "A Grande Beleza", filme italiano, foi o vencedor, e mais uma vez o meu coração traiu-me porque "A Caça" foi dos melhores filmes que vi nos últimos anos. Sem contar que não consegui ver o vencedor até ao fim...
O que me pareceu um lapso hollywdesco foi o esquecimento de "Blue is the Warmest Colour" para melhor filme estrangeiro...enfim!
O fixe disto tudo é que aguardo ansiosamente pelo resultado do concurso do canal Hollywood, no qual deposito enormes esperanças, tendo já feito as malas. Sou favorito, sem dúvida!