Powered By Blogger

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Portugalidade


Poucas são as coisas das quais me envergonho de ser português. Ou melhor, são mais as coisas das quais me orgulho do que das quais tenho vergonha. Só que há um problema: As poucas coisas que me fazem omitir a minha nacionalidade, são realmente más.
Ao que parece, todas as cadeias de televisão portuguesas de canais abertos, encontraram um antídoto para fazer face à falta de "papel" para a contratação de novos programas, ou seja aquilo que for. Por mais que nos tentemos alhear deste mal, inicialmente todos os fins-de-semana, e agora todos os dias, os directos fora de estúdio, um pouco por todo o portugal, trazendo consigo o grande pretexto dos concursos telefónicos, surgem-nos como um vírus televisivo, capaz de levar pessoas como eu, à loucura, ou talvez a cometer o suicídio mais tarde ou mais cedo.
Vejamos: concordo plenamente que a população portuguesa que mais assiste TV, é uma população envelhecida e conservadora. Aqueles velhotes reformados (adeptos de rancho), que hoje se vêem levados no vigário do 760 200 ... ou seja lá o que for. Um carro de luxo, um vale de compras no valor de 1000 euros, um subsídio de férias, um apartamento...vale tudo para entreter o Zé Povinho português. Aquele Zé Povinho nascido já há muitos anos atrás, com tiques Salazaristas, que encontra na caixa mágica e no seu pessoal, uma forma menos má de passar os seus últimos dias. 
Até aqui, concordo plenamente com os argumentos dos vários canais. Têm que adequar o conteúdo à sua falange de share. Mas depois existem estas novas gerações, assim como eu, que não sou nem mais nem menos que os velhotes, apenas sou mais novo e por isso posso ter um mentalidade um pouco mais avançada, e outras exigências na hora de olhar para a caixa mágica (nem que seja a hora semanal em que isso acontece).
Para mim, estes vírus televisivos não me aquecem nem me arrefecem, porque não os vejo. Mas, outra coisa é quando estes aproveitam para promover a "música" portuguesa. A do "a minha gata quando vê um carapau, miau miau miau"...aqui é a única vez, onde a minha pessoa pensa no suicídio mais vezes por segundo!
Como tremendo apreciador de música, seja ela de que género for, mas que apresente os mínimos padrões de qualidade indispensáveis, para deter o nome de "música", este vírus deixa-me de rastos por pertencer a um país onde esta é aquela que vende...
Sinto-me de certo modo envergonhado, quando, por ventura, penso que alguém inglês um dia me pode perguntar qual o artista português que vende mais. Vejo-me obrigado a ir ao Top de vendas e citar o nome de Tony Carreira, Toy, Anselmo Ralph... Nunca iria ter a coragem de lhe retribuir a pergunta, porque aí sujeitava-me a levar com Queen, Led Zeppelin, The Who, The Beatles, The Rolling Stones, Pink Floyd...parecendo que não, isto magoa-me. Ter nascido no país dos discos vendidos à base do "pisca pisca", do "bailarico de verão" e do "não me toca"...
Tudo isto é a mais pura das verdades. No entanto, eu como me tento esquecer deste lado negro do meu país a todo o momento, vejo esse esforço ser levado em vão quando todos os domingos, na hora do almoço, vejo a minha querida avó a delirar com "aperta com ela" e com trocadilhos feitos com a palavra cabritinha!
Já pensei que isto fosse um problema de gerações, mas depois reparo que os concerto da família Carreira estão cheios de malta da minha idade...
Será que algum dia isto mudará? Acho que não. Pelo menos, enquanto o Axel for especialista em Wresling, e o Nuno Eiró teimar na sua heterossexualidade...
Estamos feitos!  

Nenhum comentário: