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terça-feira, 6 de maio de 2014

Paredes meias e porno nacional amador


Ao contrário do que a imagem documenta, viver num prédio tem as suas vicissitudes inerentes a teres a vizinhança separada da tua própria casa, por uma simples parede, tecto, ou chão.
Já não é a primeira vez que relato alguns factos do meu dia-a-dia, em conjunto com o dia-a-dia da minha vizinhança. Sempre que algo de divertido acontece por estas bandas, acho de bom tom partilhar convosco.
Ontem, tive o piso onde vivo transformado num estúdio de gravações. Passei todo o dia a ouvir: "Atenção. Silêncio. Tá a gravar!". Depois era um grupo de pessoas aos berros, repetindo as suas deixas vezes sem conta...ao final do dia já eu sabia todo o texto de cor. 
Ainda hoje me pergunto: "seria uma campanha publicitária para o Imovirtual?".
Assim, as entradas e saídas de casa ficaram condicionadas aos "entre takes". Sempre que alguém me avistava a sair ou entrar de casa, aprontava-se a avisar para que os actores se calassem e a acção fosse cortada de imediato. Depois suspeitei que se tratasse de um daqueles famigerados filmes nacionais para adultos, visto que o andar onde as gravações se desenrolaram está vago para arrendamento...(granda pinta, ir ao xvideos e ver um filme porno nacional quase em minha casa).
Depois, com o anoitecer, tudo voltou ao normal. O silêncio e a tranquilidade que caracterizam este prédio voltou a fazer sentir-se.
Tinha reservado a noite para um regresso ao passado, em termos de cinema, com a visualização de um dos filmes da minha vida "Dirty Dancing", e sempre que isso acontece o contexto tem que ser o mais romântico possível, porque o filme assim o pede. Algures a meio do filme, quando Baby e Johnny Castle ensaiavam a sua dança triunfal, eis que surge uma voz feminina, extra filme, que se assemelhava em tudo a um porco na matança!! Alarmado com a situação sonora, desprendi a minha atenção do belo filme para me debruçar sobre esse efeito sonoro. E voltava a repetir-se, e bem mais audível e próximo. "Não acredito que ainda andam a filmar a estas horas...mas este pessoal não se cansa de acasalar", pensei eu para com os meus botões. Tratava-se de um monólogo em tons femininos. Um monólogo repleto de agonia, desespero, raiva, fúria, medo, pânico...nenhum deles se encaixava num roteiro de filme porno nacional. Finalmente o ser feminino voltou a gritar pela última e derradeira vez, calando-se para sempre, na altura em que o Johnny Castle se despedia de Baby, numa das cenas mais emocionantes do filme.
Penso que ninguém matou ninguém, nem no filme que dava na minha TV, nem no que se passava para lá da porta de minha casa. Pelo menos não deu nada nos noticiários hoje.
Como eu via o "Dirty Dancing", suspeito agora que alguém meu vizinho via o "Pesadelo em ElmStreet" e achou estranho ouvir música romântica dos anos 80 pelo meio.   

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