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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Menina e moça...


O último fim-de-semana, reservou-me a possibilidade de me voltar a divertir na cidade que adoptei. Algo que já não acontecia há bastante tempo.
Com saudades acumuladas de ir beber um copo, descontrair e divertir-me entre amigos, foi a noite lisboeta que escolhi para que tal acontecesse. Afinal, que outra cidade me poderia oferecer estas três condicionantes acima descritas?
Deambulando um pouco pelos meus locais de eleição na nossa capital, a saber: bairro alto, cais do sodré e Lux. Ia ficando com uma sensação estranha. À medida que ia entrando e saindo desses locais, uma sensação de estranheza tomou conta de mim. Por todo o lado se falava tudo menos português. Via-se de tudo menos portugueses.
Esta sensação era em tudo similar à que senti quando viajei a Roma. Ou seja, estás num sítio que te é completamente estranho, muito por culpa do ambiente criado pelos milhares de turistas que assolam a capital nesta temporada santa. Espanhol, e inglês foi o que mais ouvi na passada noite de sábado para domingo. 
Como todos sabemos, o mais normal, mesmo quando se quer ver pessoas "novas", é "tropeçarmos" sempre em alguém conhecido. Mesmo que vás aos confins mais recônditos da velhinha Lisboa, terás sempre de disparar um "olá" para forçar a boa educação. Desta vez, aconteceu tudo ao contrário.
Depois, acabei a noite na minha discoteca de eleição em Lisboa: Lux. E realmente aí voltou tudo ao normal. Porque se queremos encontrar estrangeiros na noite de Lisboa é no Lux. E lá estavam eles por todo o lado. Posso afirmar que cerca de 70% da casa era composta por estrangeiros bem dispostos. 
Outra coisa que compreendi nesta noite, devido a tais circunstâncias, foi que os comportamentos desta malta da "Estranga" para com quem os rodeia, é uma relação puramente humana. Quero dizer com isto que, ao contrário dos trombudos desconfiados que nós portugueses somos, principalmente na noite para com pessoas que não conhecemos, estas pessoas abordam-nos com uma "simpatia tão simples" que quebra qualquer gelo que haja. É impossível não trocar dois dedos de conversa com estes veraneantes. E ao fazê-lo iremos perceber claramente a ideia que estes têm de nós. Foi o que me aconteceu. Abordado por um canadiano e duas americanas da minha idade, tive o feedback que já esperava, quando lhes perguntei o que estavam a achar dos portugueses. Algo a que eles me responderam "olhar para vocês é como olhar para uma imagem a preto e branco, falta-vos cor". Tudo explicadinho, ainda que usando uma mansa figura de estilo. Ficando quase sem palavras, tive ainda o discernimento de lhes responder: "É este o nosso fado!"
Agora pergunto-vos. Quantos de nós, numa noite de diversão, conseguiríamos chegar a uma conversa destas com outro português/a, sem que esta ou este pensasse que o objectivo da conversa fosse sexo? 
Mentes pequeninas as nossas.
Enfim, chegado a casa tive tempo ainda para pensar: "Olha que porreiro, gastei pouco gasóleo, e demorei 10 minutos do estrangeiro a casa!".
A velhinha Lisboa, feita por pessoas conservadoras e cinzentas, é amada de fora para dentro.
Agora sim acredito naquele slogan: "...fora cá dentro".   

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