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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Futebol: a decadência do controlo remoto



Desde sempre que oiço falar que o futebol é o desporto do povo. E que por isso, é também ele um dos assuntos mais comentados no quotidiano do Zé Povinho.
Todos nós, sendo parte integrante de um grupo extramamente heterogénio, detemos pensamentos e opiniões completamente distintas do nosso melhor amigo. Uns são do Benfica, outros do Porto, Sporting, Braga...mas todos nós temos uma coisa em comum: o gosto pelo desporto rei.
Algo que nos entrega em mão um convite à crítica desmesurada daqueles que mais admiramos, e detestamos neste desporto. Sejamos nós: pedreiros, electrecistas, advogados, doutores, desempregados, heterosexuais, homosexuais, filhos únicos, loiros, magros, altos, deficientes...
Tudo isto confere ao desporto rei um dia-a-dia muito intenso na praça pública.
Até aqui tudo bem, e eu sou o primeiro a gostar de assitir a um bom bate-boca entre adeptos rivais, num espaço público. Faz parte!
Agora o que me faz tentar emigrar para um planeta longínquo constantemente, são os diversos programas desportivos que são transmitidos quase diariamente, que tentam estender a manta da humilde taberna à TV paga. Isto é daquelas coisas que me tiram completamente do sério. Eu explico-me melhor:
Quando estes programas começaram a aparecer, os comentadores convidados eram, na sua maioria, antigas glórias do futebol português e especialistas estudiosos deste desporto. Por mais que fossem adeptos de um determinado clube, mostravam um bom senso de salutar e traziam sempre uma explicação lógica do assunto que tratavam.
Hoje, estes programas competem também eles no campeonato das audiências, algo que já de si é triste. Mas quando se olha para o painel de comentadores convidados, o circo começa e as crianças não param de gritar pelos palhaços!
Sendo estes transmitidos por canais pagos, a qualidade esperava-se outra. Mas não!
Reflitam comigo: quando o assunto é política, os comentadores são, ou foram políticos. Quando é economia, os comentadores são economistas. Quando é o terrorismo, os comentadores são oficiais das forças armadas, peritos em segurança nacional. Quando os assuntos são variados, o comentador é o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa!
Chegando ao futebol, os comentadores são: vocalistas de bandas de rock, humoristas, médicos cirurgiões, apresentadores de TV, políticos, treinadores de rugby...acham isto normal?
Mas o que é que esta gente percebe de futebol? Será que alguma vez deram um pontapé numa bola? Será que já alguma vez entraram num balneário?
Os verdadeiros culpados não são eles, porque quem me dera ganhar uns trocos bons, ao final do mês, para falar do que não sei. Mas eu pago estes canais meus senhores, e esperava perceber um pouco mais de futebol com eles e não ouvi-los a debitar disparates que, quando arrisco, oiço.
Não há nada que me irrite mais...

Talvez estes programas sejam o espelho da podridão em que está assente o futebol português. E da falta de qualidade dos recursos humanos de "topo" que temos para comentar o dia-a-dia do nosso querido clube.
Doi-me a sério!

Enfim, este bigode não percebe este país do princípio ao fim!

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