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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Pai ontem, hoje, e sempre!


Este post era daqueles que já poderia ter saído há muito, mas esperei para ver no que ia dar.
Há largos meses, sem saber precisar ao certo, todos os dias o meu caminho para o trabalho era feito no mesmo roteiro, passando ali pela zona da Escola Superior de Tecnologia da Saúde na expo. Um desses dias, ainda no ano transacto, surge um carro com uma serie de enfeites, toda aquela zona repleta de cartazes com dizeres diversos, inúmeros balões coloridos, e um senhor de meia idade com um semblante tremendamente triste, ia enchendo os tais balões no cano escape do carro. Uma imagem bizarra, que não passava despercebida às gentes que por ali desenrolavam o seu quotidiano.
Todos os olhares se concentravam tentando perceber ao certo do que se tratava aquela espécie de manifestação pacífica. Mas mesmo eu, passando ali mesmo ao pé todas as manhãs, não compreendi totalmente o propósito de tal acontecimento.
Cheguei mesmo a pensar que se tratava de um sem abrigo, ou de alguém desempregado que, de uma forma solitária, se revoltava contra as medidas de austeridade adoptadas por este governo. Contudo, as semanas foram passando e o aparato cada vez era maior, tornando-se já parte da paisagem formal daquela zona. 
E aquele senhor sempre com o mesmo ar, vestido de uma forma bastante humilde, lá ia enchendo balões coloridos como se de um palhaço de circo se tratasse.
Já no início deste ano, passando pela zona mas desta vez a pé, atrasei o passo para ler os cartazes e perceber do que se tratava. Então aquele senhor cansado, fizesse sol ou chuva, reclama uma decisão do tribunal que lhe terá retirado a custódia das suas filhas! E escolheu aquela forma pacífica e ordeira de fazer da luta pela paternidade a sua vida, desde aquele longínquo dia de inverno até hoje. 
Como eu, muitas pessoas que por ali passam foram-se inteirando do caso, ficando mesmo sensibilizadas com a luta e perseverança daquele pai, e passaram a trocar umas palavras todos os dias com o senhor.
A originalidade desta luta não parava, e certos dias solarengos, logo pelas 8h da manhã, aquele pai convidava as pessoas a tomarem, ali mesmo, o pequeno almoço com ele, numa mesa com cadeiras contempladas com café, leite, e bolinhos...e as pessoas corresponderam. A atenção que o senhor queria, desde início, foi totalmente ultrapassada, e reforçada pelas buzinadelas dos automobilistas que por ali passam, respondendo ao apelo de alguns cartazes.
Foi desta que escrevi este post, porque já não passava ali há um mês, mas ontem deparei-me com a mesma imagem dos últimos meses.
Sinceramente, no começo cheguei a gozar com a situação, mas agora culpo-me disso, e tiro o chapéu aquele senhor que luta por voltar a ser pai, da forma mais digna e humilde que já vi.
Enfim, enquanto uns vão fazer barulho para a frente de instituições governamentais, sendo completamente desprezados pelos seus alvos, aqui este pai escolheu uma luta mais serena e ordeira, onde toda a gente o apoia numa causa bastante mais plausível, a meu ver!
Quem por lá passou, com certeza que sabe do que falo.

Este Barão é um coração mole.

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