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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Nunca fui um número


Ontem fiz 30 anos. Número redondo!
Quando ainda era um petiz, e dava por mim especado perante pessoas de 30 anos, pensava com os meus botões, que essa era uma ideia longínqua de o ser. 
Hoje, percebo que tudo tem que ver com os rótulos que todos temos e colocamos uns aos outros. Acredito que tenha sido para simplificar, ou mesmo para agilizar a forma como olhamos para o que nos rodeia, sejam seres, objectos...mas parecendo que não, é a forma mais cruel e redutora encontrada, e que afecta mentes.
Presentemente, consigo vislumbrar que a tal frieza dos números ganhou à simples realidade. Tudo são números e tudo respeita a números. 
Somos constantemente números, e muito mais números que nomes...quanto mais maneiras de ser.
Como já devem ter percebido, esta é uma das razões pela qual detesto fazer anos. Porque tudo tem tendência a reduzir-se a um número. Desde o dia, ao mês, até à própria idade. E isso tem força tal que influência fortemente a realidade em que vivemos. 
Estes números têm força.
Por exemplo, tenho 30 anos e a sociedade diz-me que estou a ficar velho para arranjar trabalho, para brincar, para ver desenhos animados, para ter borbulhas...estou na altura de pensar em ter uma vida estável, uma família, um carro, um emprego, de deixar de usar tenis, de passar a deixar crescer a barriga e de fazer a barba...no entanto, ainda sou novo para ser médico ou político, para deixar de fazer aquilo que gosto, para me fazer crer e levar-me tão a sério...tudo isto porque nasci há 30 anos atrás!
Ainda assim, o que sinto é que sou muito novo para ter essa idade tão avançada. Porque ainda tenho muito para aprender, e ainda não levei a porrada necessária para que mereça ter 30 anos.
As pessoas são números, mas eu não quero ser. Posso?
Penso que desta estou safo, porque afinal ninguém me dá o número que vem no meu rótulo.

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