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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

As 50 sombras quando não há sol.


É com enorme espanto, e alguma admiração, que me deparo com algumas facetas da nossa realidade actual.
Levamos anos a conseguir alcançar valores que nos tornam, mais ou menos, uma espécie "humana", com tudo o que isso acarreta. Talvez porque ansiamos a todo o momento desmarcarmos a nossa posição de ser primitivo e selvagem de outrora, ou mesmo para o simples facto de não sermos confundidos com animais irracionais...
Essa tal prosa em torno dos valores universais do ser humano, dos direitos do Homem, da igualdade, liberdade...e todos esses pilares da sociedade moderna, é posta em causa dia após dia por nós próprios. Afinal, por quem mais poderia ser?
Até neste último ponto, a nossa arrogância e insatisfação, perante o que somos, demonstra que somos os únicos seres capazes de conquistar estatutos que custaram tantas vidas, para depois, por simples "esquecimento", pôr-mo-los à prova. O mesmo se passa com a Lei, se alguma vez foi criada para cumprir, quando somos os próprios a viver com um pé em constante infracção.
Puxo hoje este tema da algibeira, para demonstrar a minha perplexidade face a três assuntos paralelos à sociedade actual. Todos eles contraditórios. 
São eles: a febre "50 sombras de Grey", os números alarmantes da violência/homicídios domésticos em Portugal, bem como a reivindicação feminina dos seus direitos em relação ao sexo oposto. Tudo isto acontecendo ao mesmo tempo, tende a que o meu cérebro dê um nó em si próprio.
Ontem estreou nas salas portuguesas, um filme baseado num best-seller mundial da literatura, que baseia toda a sua história numa relação animalesca, cheia de fetiches, entre um homem e uma mulher. Acontece que a mulher aqui é apenas "carne para canhão", podendo mesmo ver o seu estatuto humano reduzido a nada. O estranho é constatar o sucesso desta obra no meio feminino. E os cinemas vão esgotando, na semana em que uma frase viral das redes sociais tem o condão de pôr o dedo na ferida "falam tanto das 50 sombras de Grey, e queixam-se logo à primeira palmada".
Do outro lado da barricada estão os números da violência doméstica em Portugal, que no último ano fez mais de 40 mortes femininas. Um dos problemas desta sociedade que tanto tem levado a revoltas populares, adaptações à Lei, e respectivas penas. É um assunto diariamente falado nas televisões e um cancro social actual.
Tudo isto desemboca num único tema: o estatuto da mulher.
Acredito que um longo caminho foi percorrido nas últimas décadas, para que agora a Mulher se sinta numa posição confortável, e mais ou menos favorável nas sociedades ocidentais mais avançadas. Igualdade e Liberdade, sempre foram o bastião desta emancipação que já se desenrola há anos e anos. Com maior ou menor dificuldade, com maior ou menor resultado, hoje a Mulher, perante o Homem, já não é apenas aquele saco de pancada de antigamente (claro que existem sempre excepções).
O que me preocupa, depois de pensar em torno da relação entre estes três temas, é o simples facto de parecer ser a própria mulher a querer um volte-face naquilo que é seu por direito. Será que, lá no fundo, ainda existem mulheres que têm fetiches com o facto de poderem ser olhadas de cima para baixo, serem espezinhadas, mal tratadas, inferiorizadas, reduzidas a objectos sexuais...??
Acreditem que não sou de todo conservador nem vendedor de sonhos, o que me cauda espécie é que um dia tenciono muito ser pai, e não sei para onde nos leva este caminho!
Continuamos a contradizer-nos constantemente!!
Quanto ao filme...tenho curiosidade para saber ao certo o que este tem que mexe tanto com as hormonas femininas...sexo, luxo, dinheiro...já não digo mais nada!

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