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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Eu e a Feira dos Horrores do Cartaxo!


Mais um ano, mais uma Feira dos Santos na terra que me viu nascer, mais um ano em que não pus lá os pés...
Já perto do fim da semana passada, fiquei a saber que a feira anual do Cartaxo estava prestes a começar. E tudo isto me passou, mesmo sendo um filho da terra, pelo motivo seguinte, ao qual está associada a razão deste post.
Ainda sou do tempo em que a feira era gigantesca (ou então era eu que era muito mais pequeno) e tudo era fantástico, toda a envolvência, desde a emoção dos dias que a antecediam, até à êxtase da diversão entre amigos, entre carroceis...e é por esta última palavra "carroceis", que tudo o que foi descrito no paragrafo acima é redondamente mentira, no que respeita à minha pessoa.
Assim, ao contrário de todas as outras crianças do Cartaxo e arredores, o aproximar da Feira dos Santos era o maior pesadelo do ano para mim. Aquela altura que eu pedia para nunca mais chegar, e quando finalmente acabava era o maior alívio de todos.
Como uma espécie de roteiro cultural, era obrigatório as incursões à feira, fosse em família, fosse num grupo de amigos, era uma romaria tradicional para aqueles lados. Época de frutos secos, bacalhau alto, bom vinho, castanhas assadas, farturas, carroceis...tudo estava no roteiro das gentes daquela cidade. 
Mas no meu não!
Pela primeira vez vou desvendar um pouco mais sobre mim. 
A Feira dos Santos era vista por mim, enquanto criança/adolescente, como a Feira dos Horrores. Tudo para mim era medonho. Mas o que mais pânico me metia eram (e ainda são) os carroceis!
Enquanto todas as crianças da minha idade desesperavam e apelavam aos pais para darem uma volta em todos os carroceis, eu desesperava cada vez que alguém me perguntava se queria andar. Mesmo depois da minha mãe insistir para eu ser uma criança normal e divertir-me nos barquinhos, cavalinhos...quase obrigado lá ia eu aguentar 20 segundos de cada vez, implorando para que ela me retira-se o mais rápido possível dali.
O maior problema ia surgindo com o passar dos anos. Lembro-me de pensar que já era crescido com 14 anos, e de ter chegado o tempo de andar pela primeira vez de carros de choque. Foi com o meu pai, e foi a pior experiência da minha vida até hoje. Azul, era a minha cor quando finalmente cortaram a energia dos carros!
Mas com amigos a vergonha ainda era pior. Cada vez que surgia a notícia de que um novo carrossel tinha acabado de chegar ao campo da feira, o pavor corrompia o meu estatuto de puto com pinta. Lembro-me de me oferecem bilhetes para o grilo vezes sem conta, e de ter que arranjar uma desculpa diferente para cada situação dessas. Desde más disposições, dores de cabeça, vontade de ir ao WC...tudo servia para me pirar dali para fora o quanto antes. Muito pior quando estavam raparigas metidas ao barulho, afinal não podia deixar que percebessem que eu não era normal e corajoso!
Sendo assim, hoje com 27 anos afirmo perante vós que nunca andei em mais nenhum carrossel, a não ser uma dezena de vezes nos carros de choque, porque me pé-lo de medo!
Grata está a mãe deste Barão pelo dinheiro que poupou durante os dias de feira no Cartaxo.
Por favor, não contem a ninguém, está bem?    

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