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sábado, 15 de outubro de 2016

O celeuma do "vocemecê"

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Este é um assunto que, vai na volta, me preenche o pensamento, sem nunca ter chegado a uma conclusão válida (se é que esta existe).
O mais perto que consegui chegar disso, foi uma dicotomia descronstrutiva que me ocorreu ontem. Daí este post.
O que se trata aqui, é a forma como familiares próximos, mais propriamente pais/filhos/irmãos, se tratam entre si.
Como nasci e cresci numa família em que toda a gente próxima se trata por tu, não é de estranhar que hoje, ao ouvir o trato de "você" entre pais e filhos ou irmãos, me soe a coisa estranha.
Bem sei que em tempos passados, o relacionamento entre familiares deste grau, era um pouco menos próximo ou simplificado, fazendo lembrar a relação de subordino entre patrões e empregados, ou entre diferentes patentes militares. Ainda no seio familiar, este tipo de trato, é ainda hoje, tido como algo referente a "famílias de bem", demonstrando às restantes classes o elevado estatuto na hora de abordar os seus.
Prende-se sobretudo com a ideia de super-educação e de respeito absoluto pelo seu progenitor ou irmão (ou mesmo animal de estimação, algo que tenho vindo a constatar ultimamente).
Depois há a ideia de que a família que se trate por "tu", é brejeira cunhada do Zé Povinho.
Há ainda, quem toda a vida trate os seus por "tu", mas mediante alguma circunstância social mais aprumada, o faça em tom de "você".
Eu mesmo, toda a minha infância/adolescência tratei os meus avós por "tu", e hoje, com o passar dos anos, quase que automaticamente, o substituí pelo "você" mais respeitoso. Não sei bem o porquê, mas parece que já não me soava bem. 
Há para todos os gostos.
Este é um celeuma que me ofende a inteligência, porque não o consigo desmontar totalmente. Mas ontem, como já referi, ocorreu-me a maior aproximação que tive nesse sentido.
Tudo se baseia na dicotomia amor#respeito.
Pensem comigo:
Partindo do princípio que os dois tipos de trato, nada têm que ver com a intensidade de sentimento que se tem pelo familiar (quero com isto dizer que não existem níveis diferentes de amor para o "tu" ou o "você"), tudo parece mais simples. Tudo se reduz à forma de relacionamento familiar que se pretende dar a conhecer à envolvente social em que se está inserido. 
Mas isto não me satisfaz por completo. Continuo a achar que o "você" torna a relação mais distante, mais complexa, principalmente quando se é criança. Porque a criança tem que entender a diferença que existe entre os "nossos" e todos os outros. 
Na minha óptica, continua a ser mais adequado tratarmos os "nossos" por "tu", e os restantes conhecidos por "você". Porque não são a mesma coisa naturalmente. Um desconhecido, a meu ver (enquanto criança) terá sempre que ser tratado por "você", e não da mesma forma como me dirijo aos meus.
Aqui entra a dicotomia amor#respeito.
Resumo-se tudo a este pensamento:
É possível existir respeito sem amor (você), mas nunca existe amor sem respeito (tu).
Fiz-me entender? 

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