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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Long Live Rock 'n' Roll nº 57


Estou numa fase de eterna pesquisa incessante por coisas novas, coisas que possivelmente me têm escapado por este ou aquele motivo, mas que não têm perdão, porque afinal estou vivo, e enquanto o estiver quero ouvir todo aquilo que de bom se faz por aí.
Esta semana, ao contrário do que tem vindo a ser hábito, passei os olhos pelo mundo gigantesco, como é o Brasil, e que tanto nos tem para oferecer, seja ele qual for o género. É tipo dossier, é só escolher! Com a particularidade de se poder encontrar qualidade em todo o seu universo. 
Pesquisando sobre bandas da nova vaga do rock psicadélico, que tanto me agrada, fui descobrir no Brasil uma banda que, possivelmente vai ser muito maior fora de portas, do que dentro de casa. 
Falo-vos de Boogarins.


Com um som que viaja pelas tradições psicadélicas de bandas do passado e do presente, o som feito pelos Boogarins, traz em si um misto destas duas épocas numa amálgama alérgica, que ora se veste com o Folk, ora com Blues Rock, porém destilando sempre notas psicadélicas, sejam nas guitarras carregadas de efeitos ou no vocal cheio de reverb. O resultado, paradoxalmente, soa mais Pop (ou pelo menos é muito mais acessível a quem se lança nesta viagem) e com um grande tom de urgência nas suas faixas, o que por fim deixa a sua obra dinâmica e feita sob medida para uma viagem psicotrópica.
Ao ouvir as suas músicas é perceptível a influência de bandas como Mutantes, algumas obras de Devendra Banhart, Foxygen e Tame Impala, todos membros de uma safra de novos e velhos "hippies" que traduzem a revolução de paz e amor vivida nos anos 60 na música. Com um brasileirismo discreto presente nas suas faixas, o grupo bebe de fontes da Tropicália e canta na nossa língua, um grande diferencial que os fez chamar a atenção da imprensa estrangeira, que achou em "As Plantas Que Curam" um remédio para tudo, e para veicular um dos mais potentes exemplares da cena psicadélica brasileira, desde os Mutantes.
Tem que se ter muita coragem para chamar os Boogarins de “Tame Impala brasileiro”. Além de um amor incondicional pelo rock psicadélico e do facto de morarem num cantinho do hemisfério sul (achas que Perth fica aonde?), as semelhanças entre os grupos não vão tão longe – e mesmo as intersecções musicais não são tão claras. Os Boogarins inscrevem-se, na verdade, na tradição partilhada por 12, em cada 15 “doidões do interior” – "a do chá de cogumelo e da colecção de vinis do tio que ainda também é fã de chá de cogumelo". "É só mostrar o caminho que a gurizada entende, ainda mais agora que o nível de exclusividade de conhecimento musical, antes restrita à disponibilidade, agora achata "Yes We Can" na mesma categoria. Assim lá vem muito reverb, harmonias dobradas, um par de baladas e, claro, letras ininteligíveis por quem não estiver na mesma hype. "Agora vai lá fora que acabou de chover e o pasto estava cheio de zebras".
Não vou negar que uma das coisas que mais me levou a carregar no play, foram as incríveis semelhanças entre o vocalista Fernando e o saudoso Jimi Hendrix, na hora de subir ao palco e tocar. Segundo a onda psicadélica, nem mesmo Fernando conseguirá fugir a essa comparação, se assim o entender.
Deixo-vos uma pincelada:


Se andaste a dormir nas últimas semanas, acabaste de perder os dois concertos de estreia da banda, em Portugal. Primeiro no Milhões de Festa, depois no MusicBox em Lisboa...
Vais-te perdoar? 

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