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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Caso de polícia!!!


Em jeito de diário:

Pois que pensava eu viver numa zona porreira de Lisboa, quando shit happens!
Hoje aconteceu-me uma coisa, que nunca antes me tinha acontecido, mesmo quando vivi nos Olivais. Aqui no famigerado Parque das Nações, o ambiente nos últimos meses tem-se vindo a deteriorar com a chegada de uma nova vaga de vizinhos todos os dias. Estrangeiros e com cara de poucos amigos. A desconfiança cresce de dia para dia, e não me venham falar em preconceito.
Como todas as manhãs, saio de casa para mais uma manhã de exercício físico, e deixo as chaves de casa guardadas aqui num armário do piso 0, na parte interior do prédio. Porque me incomodava levá-las, este era um ritual diário. Ninguém faz exercício livremente com o barulho e o peso das chaves no bolso.
Quando as deixava lá guardadas, certificava-me sempre que ninguém estava por perto, não fosse o diabo tecê-las. E hoje teceu!!!!
Uma hora e meia depois de as ter deixado ali guardadas, qual não foi o meu espanto, que quando abro a porta do armário...nada de chaves! Ainda questionei a minha senilidade, mas rapidamente me lembrei que fora ali que as tinha deixado guardadas, como aliás todos os dias.
Depois, segundos mais tarde, já mais calmo, comecei a raciocinar e cheguei à seguinte conclusão: ora bem, quem mexeu nas chaves, fosse por que motivo fosse, é meu vizinho! Porque as chaves estavam num sítio que não tem utilidade nenhuma para o condomínio, e onde ninguém se lembraria de ir. E mesmo que alguém visse por ali as chaves, sendo morador do mesmo prédio que eu, e sendo minimamente inteligente, perceberia que se as chaves estavam ali por algum motivo era.
Foi maldade, pura maldade! E o pior é que me causa transtorno e me deixa preocupado. Vivo num prédio onde alguém é um atrasado mental, ou um ladrão...
Prontifiquei-me, de imediato, em colocar um lembrete em ambos os elevadores, caso a pessoa em questão se tenha arrependido. É que se for para roubar, o caso muda de figura! Tenho um ladrão a viver no meu prédio, e que está na posse das minhas chaves de casa, onde eu tenho toda a minha vida, e o meu querido cão. O pior é que, como é óbvio, nem sempre estou em casa, e receio cá chegar num destes dias e ter a casa vazia!!!
Bela merda!
Isto está a ficar pior que um bairro social. Se fosse eu a encontrar umas chaves no interior do meu próprio prédio, ou não lhes tocava (se estas estivessem guardadas) ou colocava-as num sítio visível.
Não me apetecia nada ir gastar dinheiro na troca da fechadura da porta, mas se as chaves não aparecerem no imediato...só me apetece bater nesta gente toda!
Vou à polícia??? 
É que as minhas chaves, por ventura, estão aqui bem perto de mim, em casa de um vizinho meu que me pode entrar aqui a qualquer momento, comigo cá ou não...     

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Quando é o palato que manda...


Hoje falo de um tema sensível, e bastante controverso: o gosto pessoal.
Desde sempre que oiço dizer que "os gostos não se discutem". Não concordo nada com esta afirmação.
Tenho alguma dificuldade em aceitar que o gosto relativa de pessoa para pessoa. Quando uma coisa é de "bom gosto", para mim, é universal. Ter "bom gosto", isso sim é que nem deveria ser discutível. Se uma coisa é bonita, tanto é bonita aqui como na China.
Outra das coisas que não "aceito" é que o "bom gosto" esteja ligado com o dinheiro que se tem na carteira. Ter "bom gosto" não se compra...mas será que já nasce com a pessoa?
Aqui reside o grande busílis da questão de hoje.
Como é que é possível uma coisa dividir tanto as pessoas, na hora da sua apreciação? 
Por exemplo, ter "bom gosto" em vestir ou em decorar a casa, devia ser uma coisa universal, mesmo que o que pudesse oscilar fossem os estilos que cada pessoa prefere. No entanto, vê-se por aí muito "mau gosto". O pior é quando esse "mau gosto" é vaidoso.
Toda a gente gosta de ver uma pessoa bem vestida, por muito que não se vista de forma igual, ou entrar numa casa bem decorada, mesmo que não seja a nossa. Depois, associado a este problema do "mau gosto" ou "falta de gosto", temos todo um universo de cegueira que me deixa perplexo. Ou já alguma vez ouviram uma pessoa afirmar que se veste mal?
Tenho em crer que o "gosto" é algo inato, muitíssimo influenciado pelo meio que nos rodeia, pessoas, e maneiras de ser. Assim, acredito que é algo que nasce com a pessoa, e que ou se desenvolve ou não. E, acreditem, que esta não é uma questão meramente levantada pelo sexo feminino. Ou, pelo menos, não deveria de ser.
Dou os exemplos da moda, porque são os mais visíveis no dia-a-dia, mas "gosto" é algo muito mais extenso. É talvez das características pessoais mais utilizadas, por nós, no decorrer do nosso quotidiano, mesmo que não nos apercebamos dela. Depois, geralmente, uma pessoa de gosto apurado é uma privilegiada em tudo, porque quando esta é uma característica da pessoa, ela tem-na para com tudo. Sempre bem vestida, tem uma casa gira, teve uma festa de casamento espectacular, ouve música com qualidade, lê bons livros, vê bom cinema, a sua atitude é reveladora...todos os pormenores e acessórios relativos à sua vida são de "bom gosto".
Por isso, não me venham com histórias da carochinha. Ou se tem, ou não se tem. Mas quem não tem irrita-me um bocado, não sei bem porquê!
O mundo seria mais bonito, se assim fosse...     

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Colados com cuspo...um dia descolamos!

dream live die

Nunca conheci uma pessoa tão agarrada à vida como eu. 
Hoje é um dos dias mais difíceis na vida de um grande amigo meu, e por isso este post é o meu luto por ele.
Os dias vão passando, vamos ficando mais velhos, mais secos, menos vivos...vamos morrendo aos poucos. A vida é uma coisa tão importante para mim, que só de imaginar o contrário, por mais natural e certo que seja, é como se o amanhã nunca mais chegasse para me sentir vivo, apenas mais um dia. E depois surgem-me notícias de que chegou "aquele" dia para alguém próximo, e o amanhã nunca mais chega para mim, para ter a certeza que vivo pelo menos mais um dia.
E se ainda fosse só a minha vida que me preocupasse...afinal, felizmente não sou sozinho no mundo. Tenho tentando, constantemente, encontrar um significado para a vida que me deixe com o coração mais descansado. Mas por muitas voltas que dê, não encontro grande coisa. Talvez porque ainda não sei nada disso. E não passo de um puto que acha que viver é super fixe, e que passamos pela vida colados com cuspo. Um dia havemos de descolar...
Numa visão mais romântica, gosto de olhar para a vida da mesma forma que olho para um sonho. Vivemos um sonho, e quando acordarmos já fomos. Por isso, a meu ver, vivemos e morremos sem nunca conseguir perceber ao certo o verdadeiro significado disto tudo. O meu hoje é este, amanhã não sei.
No entanto, uns mais, outros menos, penso que todos temos tempo para ser mais e deixar um vestígio da nossa passagem por cá. É, de certo modo, isso que me agarra tanto a este sonho: a vontade de deixar marca. 
E quando falo em marca não penso em construir uma obra de arte, ser reconhecido internacionalmente, ser multi-milionário... imagine-se o quão efémera pode ser a vida, se metaforicamente esta valer tanto a pena com escrever um livro, plantar árvore, e fazer um filho. Para mim quase que chega. Só acrescento isto: fazer feliz alguém.
E de repente, sem avisar, de um segundo para o outro, o elevador pára, sendo a nossa vez de sair de cena...

Um abraço amigo! 


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Arrastões e Meets


Finalmente confirma-se a hegemonia da raça negra sob a raça branca! Ou pelo menos, neste momento, são muito mais mediáticos que os brancos.
Anos e anos após a luta do "Black Power" na América, e de diversos movimentos do género, um pouco por todo o mundo, os indivíduos de raça negra conseguiram dar a volta ao balde, e agora são eles que "mandam vir" em qualquer parte. Na Nigéria raptam raparigas porque sim, em Angola fazem-se novos ricos com subsídios de ex.militares que nunca foram à guerra, Moçambique é talvez o país africano, actualmente, com o maior índice de alavancagem económica, no mundo da música lideram os Tops de vendas, em Hollywood são actores de renome, no desporto são internacionalmente conhecidos, em Portugal...bom em Portugal mandam nesta merda toda! São Reis e senhores!
Conquistados que estão os direitos das minorias, e os privilégios de serem PALOP, funcionam de duas formas: parados, são meets, a correr são arrastão. E a paisagem fica muito mais bonita e segura.
Agora que não têm pelo que lutar, nem do que fugir, é viverem dos rendimentos. Eu fazia o mesmo, mas talvez preferisse jogar ao "lá vai alho" ou à "correia queimada". Se bem que o intuito deva ser o mesmo, só que não existiam facas para toda a gente, naquele meu tempo de petiz. E as poucas que haviam, serviam para cortar a carne, e a minha mãe não me deixava leva-la para brincar na rua.
Antigamente, quando os brancos e os pretos eram separados até por locais de acesso restrito, era o racismo que imperava e a xenofobia. O Ku Klux Klan era uma organização racista que infringia os direitos do homem, por impedir a igualdade da raça negra, através da violência. Etc, etc.
Actualmente, são os negros a deixarem de ser minoria perseguida, e a preferir transformar a urbe em locais muito mais animados e activos. Afinal, transportam consigo a alegria de viver que tão patente está na cultura africana. E depois, as férias foram feitas para nos divertirmos, e soltar a franga! O resto pouco importa. Civismo? Oh, o Tarzan também foi feliz na selva! 
Se bem que a culpa da mediatização não é só deles, porque passar as férias inteiras no bairro onde se vêem sempre as mesmas pessoas, às tantas é chato. E como as minorias também têm direitos, defenda-se as colónias de férias, os cinemas, excursões, os shoppings, concertos, espectáculos, teatros, discotecas...todo nos bairros sociais. Ouviu Sr. Estado? Eles precisam de alguma coisa que os entretenha!
Vasco da Gama e concerto do Anselmo Ralph em Cascais? "Bora, finalmente mostrar que somos iguais aos outros!" seja lá o que isso signifique.
Para celebrar o "todos diferentes, todos iguais", venha de lá esse som!! Seja lá o que isso for:


Para mim não existem pretos nem brancos. Só que uns são azuis claros, outros são azuis escuros!!
Estou ansioso para ver até onde é que esta hegemonia vai. Talvez traga um mundo melhor...



     

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Long Live Rock 'n' Roll nº 58


Desta vez não trago bandas novas. Este post limita-se a tirar, mais uma vez, o chapéu a uma banda e a um indivíduo, dos que mais têm lutado pela não-morte anunciada do rock. 
Um bem haja ao trabalho de Dave Grohl, e aos Foo Fighters!


Depois de se estrear no cinema com o documentário "Sound City", Dave Grohl e companhia, decidiram juntar o útil ao agradável, e apresentam o seu novo álbum com um documentário (por episódios) à mistura.
Os Foo Fighters divulgaram o trailer de "Sonic Highways", série de documentários que mostrará o processo de gravação do oitavo álbum de estúdio da banda, que leva o mesmo nome do programa. 

O vídeo inclui um pequeno trecho da canção "Something From Nothing", que integrará o novo disco da banda. 

A série, produzida por Dave Grohl, será exibida pelo canal norte-americano HBO e estreará no proximo dia 17 de Outubro, mesma data em que será disponibilizado o primeiro single do novo disco dos músicos. 

"Acredito que o ambiente em que tu escreves ou gravas um álbum influencia o resultado da música", diz Grohl no trailer, que ainda conta com participações de Slash, Dolly Parton, Willie Nelson, Chuck D, Joan Jett, Rick Rubin, Pharrell Williams, Buddy Guy e Dan Auerbach. "Este é um mapa musical dos EUA", acrescentou o músico sobre o trabalho. 

O novo material da banda, composto por oito faixas, chegará ao mercado no dia 10 de Novembro.
Entretanto, cresce água na boca com o seguinte trailer, e com a afirmação twitada pelo produtor do disco: "Está épico!".


Resta-nos esperar...
 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

City cruisers


Volto hoje a tocar no assunto emprego, mas ao de leve, não se chateiem comigo.
Agora que vejo uma luz ao fundo do túnel, começo a tentar imaginar como vai ser a minha rotina como pessoa "normal". E as ideias são mais que muitas. Entre elas, tenho andado a pensar na melhor forma de me deslocar para o local de trabalho. Esta é a ideia do post de hoje.
Como se sabe, Lisboa não foi, não é, nem nunca será, uma cidade convidativa à utilização de transportes não-motorizados na hora de nos dirigirmos ao emprego, diariamente. Mesmo assim, existe quem tente contrariar, e muito bem, as características montanhosas da cidade e a inflação de automóveis, arriscando uma escolha saudável, como é a bicicleta, os transportes eléctricos, ou em último caso, sendo que poluidor, as convencionais e estilosas Vespas. No entanto, a escolha pela bicicleta, por exemplo, carece de muita paixão pelo transporte de 2 rodas, e mesmo assim apresenta algumas limitações, como aliás, todos os outros meios. Sorte temos nós portugueses, que existe sol praticamente todo o ano. E o pior para o ciclistas de cidade não é bem a chuva, mas principalmente os dias tórridos de Verão. Assim, muito boa gente, à chegada ao emprego, terá que tomar outro banho, sem ser o de suor! Já para não entrar no campo da falta de sensibilidade pelos ciclistas, por parte dos automobilistas. 
Encerrado está este assunto.
Há uns meses tive em Paris, e uma das evidências que mais me marcaram o campo visual, foram as diversas formas como a maioria das pessoas iam para o trabalho. Sendo que existe uma estação de metro de km em km, ainda há quem se interesse pelo ar livre, poupando tempo, dinheiro, poluição e a confusão das horas de ponta. De ressalvar, que comparando Paris a Lisboa, a primeira é uma tábua rasa, sem inclinações de maior.
Então, para além dos transportes alternativos de que vos falei acima, os parisienses "cortam as ruas", a caminho de onde quer que seja, principalmente de trotinetes e um novo conceito de skate.
Falemos agora desse novo rolador de ruas.
Para espanto meu, este é por ventura, o meio de transporte mais utilizado pelos trabalhadores parisienses. Um tipo de skate mais pequeno e largo, que eu nunca tinha visto antes. Mas como sou uma pessoa sabida, associei-os logo à Califórnia dos anos 80 e 90. Primeiro, tal espanto prendeu-se com o facto de nunca os ter visto em Portugal, segundo porque as pessoas que neles se deslocavam, tinham tudo menos aspecto de skaters. Deste modo, era vê-los/as a passar por mim, já cheios/as de técnica: executivos, bancários, estudantes, lojistas, empregados de cafés...nada mais que uma moda parisiense, sem dúvida. Mas que me conseguiu atrair bastante, nomeadamente porque os skates eram ás centenas, e todos diferentes uns dos outros. Com a particularidade de serem todos da mesma marca. Descobri eu agora!
Para finalizar, a marca que os fabrica é a Globe. E existe um universo gigante de bom gosto ligado a este novo conceito de skatar. Dá vontade de ter um, mesmo que seja para enfeitar o quarto. 
Com o cognome de Cruiserboards, existem à centenas:

   

Surgem-nos com o simples objectivo de tornar as viagens a pé mais estilosas, rápidas, confortáveis e fáceis, do que um convencional skate, que requer muito mais equilíbrio. Apresentam uma dimensão mais portátil e pequena, mais largos e estáveis, e detêm rodas que transmitem essa estabilidade ao máximo. Para cair é preciso um milagre!!
Estes Bantam da Globe, apresentam vários feitios, cores, padrões, mas todos viciantes! É chegar ao trabalho e encosta-lo à secretária...
A ideia de ir de skate para trabalho não me sai da cabeça. Não posso é arranjar um trabalho muito longe de casa...

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Vodafone Paredes de Coura - o regresso do monstro adormecido



Há já alguns anos atrás que fiz uma promessa a mim mesmo. "Um dia irei ao Paredes de Coura". Ainda não vai ser este ano, mas com o passar dos anos, e com o que me impedia de ir a perder força, está mais próximo do que nunca a concretização dessa mesma promessa. Porque sou um homem de palavra!
O meu fascínio pelo Paredes, começou talvez há 10 anos atrás, quando um certo cartaz, do longínquo ano de 2005, juntou nomes como Arcade Fire, Queens of the Stone Age, Foo Fighters, !!!, The Roots, DFA 1979, Kaiser Chiefs, Pixies, Nick Cave, The National, entre outros. Esse cartaz foi, para mim que não estive presente, completamente mítico, e até hoje o carrego na mágoa. Difícil será juntar estes nomes todos, num festival como o Paredes de Coura. Por tudo: pelo espaço, pela mística, pelo ambiente...e repito, sem nunca lá ter posto os pés, e reunindo todas as suas características, este é sem dúvida o melhor festival de música em Portugal!
Para me agudizar ainda mais este apetite voraz sem freio, uma história de sonho é guardada comigo até hoje, por motivos de orgulho em ser amigo de quem o fez, e muita inveja à mistura. Pois bem, nesse mesmo Agosto de 2005, debaixo do calor tórrido do Cartaxo, um tal de JR encontrava-se sozinho nas largas milhas de deserto ribatejano, asfixiado pelas 4 paredes do quarto, quando a fartura de férias escolares já o aborreciam. Num dia normalíssimo, e sem planos nenhuns, eis que numa investida pela net decidiu ir ao Paredes de Coura, assim do nada, sem combinações prévias, e sozinho. Nem ele sabia daquela decisão, até ali. Apressou-se a comprar o bilhete, fez a mala, e informou a mãe que ia até Paredes de Coura uns dias. E assim foi, de um momento para o outro, e repito, sozinho com a sua mochila,sem conhecer ninguém, viu-se a assistir a concertos que seriam míticos, viu-se a fazer amizades no recinto, e a acampar numa terriola completamente desconhecida, até então. Ainda hoje, quando estamos juntos, relembramos este episódio. Quem em dera ter esta aventura para contar aos meus filhos, um dia!
Este foi talvez o último grande cartaz do Paredes de Coura, que até há bem pouco tempo, passou largos anos pelas ruas da amargura.
Agora a história parece voltar ao ponto de partida. O Vodafone Paredes de Coura 2014, espelha isso mesmo. A esperança de voltar a ser um festival de referência na Europa, onde muitas bandas se dão a conhecer ao mundo, e que passado alguns anos estão no TOP, como foram os casos de Arcade Fire e The National, em 2005.
Ora atentem bem neste cartaz:


Voltei a sentir inveja do tal JR, que a esta a esta hora estará a caminho do seu segundo Paredes. E logo num ano em que o festival me volta a deixar de rastos, por não puder ir.
Só assim de raspão, ressaltam-me logo à vista nomes como: Seasick Steve, Thurston Moore, Thee oh Sees, Franz Ferdiand, Killimanjaro, Black Lips, The Growlers...e Linda Martini!! Vê-los é sempre bom, mas já ouvi dizer que em Paredes se transcendem!
Fica a sugestão para quem ainda está de férias, e a mágoa da minha parte! 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A ciência do CV


Hoje passo aqui de raspão, apenas para vos dar conta de que me estou a especializar numa nova ciência: a arte de elaborar um CV.
Nestes tempos em que procuro por aquele "tacho", não há dia em que não envie o meu CV para um lado qualquer, para alguém ou para um robot que nunca virá sequer a ver a minha linda foto no cabeçalho.
Mas como a perseverança e a esperança são as últimas a morrer, tenho aprendido imensa coisa a este respeito, e nunca antes me tinha passado pela cabeça que a tarefa de te candidatares a um trabalho, hoje, é como que uma ciência social. Outro dos factores que me despertou tal interesse, foram as diversas conversas que tive com gente conhecida, que já passou pelo mesmo que eu.
A complexidade da tarefa é tal, que seria mais fácil se existissem formações para ajudar quem procura emprego, a elaborar o CV perfeito (algo que não existe neste mundo: a perfeição claro!). As dicas e truques são tantas, que esta arte está longe de ser algo exacto. Sendo assim, dá-me a sensação que seria melhor fazer um CV por candidatura a alguma oferta de emprego. O que para uns é um bom CV, para outros não passa de algo descabido e fora de contexto. Por isso, o mais complicado é encontrar o meio termo entre: empreendedor e bom subordinado; pro-activo e respeitador da hierarquia; teimoso e passivo, humildade e vaidade, liderança e subjugação...ou seja, o que para uns é um adjectivo, para outros é uma aberração. Não sei, portanto, para que servem os cursos superiores em Recursos Humanos, sendo que depois cada um "toca sua viola". O programa não será o mesmo, na hora de aprender a recrutar?
Tenho lido e ouvido bastante, e juntando um bocadinho dali, outro bocadinho d'acolá, percebo agora que é extremamente inglório e ineficaz, lutar contra as máquinas de recrutamento e selecção. E não ponderando assim tanto na hora de submeter a candidatura, o truque que encontrei e sugiro, é que se deixem levar pelo vosso bom senso e pelas dicas que vos vão sendo transmitidas, mesmo que estas, muitas vezes, vos pareçam contraditórias. A responsabilidade é totalmente vossa. Descrevam-se da forma mais simples e eficaz, e ponham-se na pele de quem selecciona, sem nunca se deixarem levar pelo coração ou emoções. Um CV é para mim, o documento mais cruel da visão que cada um tem de si. A sua elaboração pode ser tão traumática, quanto o tempo de espera por uma oportunidade de entrevista. A sua elaboração quer dizer que chegou aquela altura da vida, em que vais ter que te sentar e dizer a ti próprio quem realmente és, o que tens andado a fazer, para onde queres ir, o que queres ser, e principalmente, é uma prova dura e crua para te certificares de que te conheces realmente.
Resumindo esta minha pós-graduação em elaboração de CV's, já alterei tantas vezes o meu, num espaço temporal de 2 meses, que nem parece o mesmo. É difícil porque altero uma coisa que me diz respeito, e eu em 2 meses não mudo assim tanto...e olhem que já experimentei vários tipos de fotos. Desde as mais formais, às mais sexys (sim, também as tenho!!)
E agora nem sei bem se hei-de adicionar à minha formação, esta minha pós-graduação....    

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Bate o pé!!


Hoje recuo uns anos, para recordar um dos jogos que mais contribuiu para a evolução da minha pessoa, em certos aspectos, relembrando a importância do mesmo para várias gerações que o jogaram, como se não houvesse amanhã.
Quem de vós nunca jogou, ou não gostava de ter jogado ao "Bate o Pé"??
Bem me parecia. Era só ouvir o toque do intervalo, que os cantos das escolas se enchiam de aficionados do erotismo juvenil.
Para ser sincero, tive algumas dificuldades na hora de me recordar das regras do jogo, não por ter jogado pouco (muito pelo contrário), mas porque as regras inventadas eram tantas que as regras básicas se me esfumaram da memória...
Este jogo que começou a delinear o meu trajecto sexual no planeta Terra, era composto por 10 elementos, sendo que obrigatoriamente 5 seriam rapazes, e 5 seriam raparigas (só para não correr riscos, vá). Depois, cada um dos intervenientes, de forma aleatória, escolhiam um número de 1 a 5, e assim o jogo começava com uma das equipas (por géneros) sentada e outra de pé. A equipa que ficava de pé, em frente à outra, tinha "pedidos", também de 1 a 5, para fazer a quem estava sentado. Os pedidos eram mais ou menos os seguintes (com uma hierarquia de progressividade hot):

1. aperto de mão (para quem jogava com o pai)
2. beijo na cara (para quem jogava com a mãe)
3. beijo na testa (para quem jogava com a/o irmã/ão)
4. abraço (para quem jogava só por jogar)
5. beijo na boca (aqui começava o meu tipo de jogo)

Deste modo, a equipa "pedinte", por elemento à vez, pedia da seguinte forma: "quero um 5 ao 3", "quero um 3 ao 2"...e assim sucessivamente, até que todos já tivessem feito o seu pedido, depois as equipas trocavam de posições. O problema é que os pedidos, podiam ou não ser negados, mediante um bater de pé no chão. A parte boa da coisa, é que a partir do primeiro pedido se iam desvendando os números dos alvos preferidos!! E haviam sempre outras formas de contornar as regras conforme os objectivos individuais de cada elemento...ahhh e só se podia bater o pé uma vez por rodada, o que conferia um aspecto bem mais carnal à coisa.
Mas esta é apenas uma versão light do jogo. Eu como sempre fui amante do hardcore (???) só entrava em versões mais pesadas do "Bate o Pé". Primeiro, a equipa feminina tinha que conter pelo menos um alvo preferencial meu. Depois, os números de pedidos chegavam aos dois dígitos!!
Do tipo:

6. linguado (que não o peixe)
7. apalpão na parte de trás
8. apalpão na parte da frente
9. curtir durante aquele dia
10. namorar
11. ir para a cama (fosse lá aquilo que isso fosse...)

Como, na altura, pensava eu ser mais esperto do que os outros, troquei as voltas a um alvo meu, que tinha aceite, finalmente, um 5, e na hora do beijo resolvi meter a língua ao barulho. Ou seja, esse 5 valeu-me um estalo e 3 voltas à escola a fugir da rapariga em questão. Se me estás a ler, e te recordas tão bem como eu, aproveito para dizer que foi sem querer!!
Depois do jogo, já todos bem lambidos, lá íamos para as aulas esperando ansiosamente pelo toque seguinte.
Tantas foram as vezes em que me esqueci de comer...  
    

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Desvendo aqui o mistério das alpargatas



Meus caros, penso que chegou o momento de pararmos de brincar ao mau gosto. Basta!
Como todos, ou pelo menos a grande parte, sabem, de há uns dois Verões para cá, as alpargatas têm sido a loucura entre os pés da malta. 
Confortáveis, com padrões engraçados, práticos, versáteis, têm conquistado as modas por todo o mundo. Principalmente, marcas como Paez e Toms.
Eles são famosos, wanna bes, anónimos, adultos, crianças, bébés, mulheres, homens...PAROU TUDOOOO!!! É aqui que reside o verdadeiro problema deste calçado. Homens que usam alpargatas!
O único defeito que consigo encontrar neste calçado, é a falta de informação disponível que vem com os mesmos. Assim, a meu ver, junto à etiqueta que diz "made in china" deveria surgir uma simples frase, que em nada iria inflacionar o preço deste calçado, qualquer coisa deste tipo: "just for women and children". Não custava nada, e faziam um enorme favor ao bom gosto.
Mesmo que não concordem com o meu refinado bom gosto, sigam o meu pensamento.
Mesmo os homens que agora passeiam o fraco estilo em cima deste tipo de calçado, foram os mesmos que há uns anos atrás se recusaram a usar o seguinte calçado nas aulas de educação física, e com toda a razão:


Eu, sinceramente, não encontro grandes diferenças. E quando digo que, enquanto jovens, a recusa era totalmente justificada, estou a ser o mais justo possível. Se já naquele tempo calçar uma coisa destas (mesmo que entre 4 paredes) deitava por terra todo o estatuto másculo de um jovem, imaginem agora já em adulto.
Restam-me muito poucas dúvidas que este acessório de moda, tão em voga, é responsável pela diminuição da auto-estima dos homens que o calçam, mesmo que seja de uma forma inconscientemente, para acompanhar o que pensam estar na moda. Ver um homem com isto calçado, é o mesmo que ver um tubarão sem a barbatana dorsal, um pavão sem penas, o Tony Ramos sem pêlos, ou mesmo o José Castelo Branco de Vans...a partir desse momento, por mais bem vestido que um homem esteja, a parte de baixo deita tudo por terra.
Por outro lado, agrada-me bastante a vista quando me deparo com uma mulher, ou criança com as ditas alpargatas. Lá está, dá uma imagem fofa. Porque este tipo de calçado é fofo. Logo, os homens de alpargatas tornam-se fofos.
Se és homem, tens umas alpargatas, tens orgulho no teu charme, e acabaste de ler isto, só te resta uma coisa a fazer: usa-as apenas para limpar a casa...ou melhor, esquece este último conselho. Não foi bom...
Mas a sério, se há coisa que não combina, são pernas grossas, cheias de pêlo, pés robustos e com cheiro a chulé calçados nestes nenúfares tão fofinhos. 

  

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

"Cão de caça em casa" digam lá rápido!

(Sushi)

Nesta coisa de ser amante de cães, e de tê-los realmente como uma das melhores coisas da minha vida, como que um complemento, gosto também de estar atento ao que se passa com os amigos de quatro patas das portas ao lado.
Assim, longe vão os tempos em que os cães de casa eram apenas restritos a raças mais clássicas. Afinal, quando se pensava em adoptar um novo membro da família, os primeiros pensamentos recaíam sobretudo sob caniches, pinscher, pastor alemão, salsicha, boxer, bulldog, golden retrivier, pitbull, doberman, rottweiler e o tradicional labrador. Todos fantásticos! Mas esta lista tem uma característica que felizmente tem vindo a ser apagada, e para a qual eu sou extremamente sensível por vários motivos: onde estão as raças de caça!??
Passo a explicar, até há dois anos atrás nunca antes tinha tido um cão em casa. Por outro lado, sempre fui habituado a contactar com cães, principalmente cães de caça. Muito por culpa do meu pai ser caçador desde sempre, grande parte dos meus dias de infância eram passados a tentar fazer amizade com os cães que o meu pai detinha religiosamente no canil. Sendo estes uma peça chave no desporto paterno, eram também estranhamente apreciados por mim, o que na época não percebia muito bem o "porquê", mas hoje consigo perceber claramente: eram cães de caça, rebeldes e extremamente activos, tal e qual como eu era. Depois, vem a parte menos importante, mas a que a maioria dá mais importância: são lindos de morrer...
Uma das coisas que me deixava triste era não poder trazê-los comigo para casa, ao que o meu pai prontamente respondia: "Eles são cães de caça Pedro, não são cães de casa". Triste ficava eu e eles, mas por isto sempre me mentalizei, inconscientemente, que cães de caça não se "davam" em casa.
Agora há distância de alguns anos, tenho vindo a constatar que, tanto o meu pai como o meu inconsciente, estavam totalmente errados!! Que alegria!!
A contar pela proliferação de raças de caça a serem adoptadas como cães de estimação, arrisco-me a dizer que são as raças da moda. 
Senão vejamos:
A maioria dos cães dos meus vizinhos variam entre beagles, bracos, perdigueiros, spaniel bretão, cockers, cavalier king charles, jack russel...
Esta lista vem contrariar em muito, a antiga tendência de rejeitar os cães de caça na hora de viver em casa, por serem os diabos do lar. Convínhamos que nos primeiros anos, seja qual for a raça, irá apresentar índices de rebeldia muito elevados. No entanto, a surpresa tem sido a elevada adaptabilidade das raças de caça aos lares dos seus donos. E olhem que falo por experiência própria. São sim cães que apresentam todas as características que nos levam ás lágrimas, das quais tanto gostamos, mas acrescentam uma vantagem que nenhuma raça, que não de caça, apresenta. É que, como geneticamente serão sempre cães de caça (mesmo vivendo em regime doméstico) são cães de matilha. Logo, adivinhem quem é que estes identificam como sendo os membros da sua matilha...os donos!!! Não nos largam um segundo. Sendo completamente dependentes de nós, o que torna a ligação dono/cão muito mais intensa.
Resumindo, tenho um cão de caça em casa, gosto e não me importo!      

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

"Vicissitudes do quotidiano do dia-a-dia de uma vida"


Mesmo quando nos encontramos num momento de viragem da nossa vida, pode ser esse o momento em que as coisas mais vertiginosas acontecem.
Não sei se é tarde, mas o que é certo é que estou prestes arrancar para a vida. Por estes dias, os sentimentos que se têm feito sentir por aqui, são um misto de angústia, esperança, ansiedade, aborrecimento, expectativa...enfim, tudo sentimentos comuns aos momentos que antecedem o start, porque depois...depois não há tempo para se sentir seja o que for.
Mesmo nesta fase, consigo sentir-me a crescer como pessoa. Sempre sabendo que o minuto seguinte a este pode mudar a minha vida para sempre. Sem nunca tentar adivinhar o que segue, porque a magia disto tudo está aí mesmo. Não quero saber o truque. Antes, quero me deixar iludir pelo futuro.
No entanto, não deixo de me sentir obsoleto, quando tenho a noção altruísta de que alguém, ou alguma coisa, está a perder tanto por ainda não me conhecer.
Como já devem ter percebido, sou apenas mais um português à procura de emprego. O meu primeiro emprego à séria (reparem que disse "emprego" e não "trabalho", porque as pestanas queimadas durante anos demoram a crescer de novo). Nesta árdua tarefa diária, apercebo-me que, na sua maioria, numa situação como a minha, é mais fácil não ser detentor de família ou  deter quaisquer vínculos amorosos, para que se consiga "aquela" oportunidade de dar a cara a uma empresa. O mercado de trabalho de hoje privilegia fortemente as pessoas sozinhas no mundo. Ou seja, para mim vai ser difícil assim...
Outro dos motivos que me deixa completamente confuso, é a relação entre o triângulo da minha vida: meteorologia+emprego+telemóvel.
Passo a explicar: nesta fase, na qual me candidato a tudo o que mexe, todos os dias, vivo na constante expectativa de receber "aquele" telefonema para "aquela" entrevista, logo, como se já não bastasse a merda de Verão que temos tido, agora não arrisco uma ida à praia (mesmo quando lá aparece um dia mais ou menos) porque posso não ouvir o telemóvel, ou em último caso, posso estar longe do local da entrevista, se esta for no próprio dia. Assim, e como devem imaginar, mesmo estando eu de férias (involuntárias e por tempo indeterminado) vai para 3 meses, devo ter ido à praia 5 dias este ano, isto há bem mais de 1 mês atrás. Resultado: estou completamente pálido, a precisar de vitamina D, e refém do meu estado de desempregado. Ora, como pedem imaginar, o meu Verão está a ser fantástico...
Mesmo aos fins de semana, que tenho uma piscina à minha inteira disposição, o tempo lembra-se sempre de me oferecer chuva e céu nublado, levando-me a crer que até o Sol, ao fim de semana, aproveita e vai até ao Algarve.
Nunca tive um momento na vida assim, mas também nunca me tinha decidido por viver à séria...ossos do ofício. 
Outra das conclusões que tiro disto tudo, é que por mais que nos preparemos e mentalizemos para algo, esse "algo" vai ser sempre mais pesado do que a tua mentalização. Custa sempre!
Por exemplo, hoje podia muito bem ter ido espairecer a cabeça, mandar uns mergulhos e apanhar um Sol. Mas não, estou aqui enfiado a olhar para o telemóvel, porque só é Verão desde o meio-dia!!!
Ou muito me engano, ou em Setembro, quando eu já tiver arranjado um "tacho" qualquer, é que o bom tempo chega para me fazer despedir à segunda semana de trabalho, e voltar à estaca 0!!
    

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Long Live Rock 'n' Roll nº 57


Estou numa fase de eterna pesquisa incessante por coisas novas, coisas que possivelmente me têm escapado por este ou aquele motivo, mas que não têm perdão, porque afinal estou vivo, e enquanto o estiver quero ouvir todo aquilo que de bom se faz por aí.
Esta semana, ao contrário do que tem vindo a ser hábito, passei os olhos pelo mundo gigantesco, como é o Brasil, e que tanto nos tem para oferecer, seja ele qual for o género. É tipo dossier, é só escolher! Com a particularidade de se poder encontrar qualidade em todo o seu universo. 
Pesquisando sobre bandas da nova vaga do rock psicadélico, que tanto me agrada, fui descobrir no Brasil uma banda que, possivelmente vai ser muito maior fora de portas, do que dentro de casa. 
Falo-vos de Boogarins.


Com um som que viaja pelas tradições psicadélicas de bandas do passado e do presente, o som feito pelos Boogarins, traz em si um misto destas duas épocas numa amálgama alérgica, que ora se veste com o Folk, ora com Blues Rock, porém destilando sempre notas psicadélicas, sejam nas guitarras carregadas de efeitos ou no vocal cheio de reverb. O resultado, paradoxalmente, soa mais Pop (ou pelo menos é muito mais acessível a quem se lança nesta viagem) e com um grande tom de urgência nas suas faixas, o que por fim deixa a sua obra dinâmica e feita sob medida para uma viagem psicotrópica.
Ao ouvir as suas músicas é perceptível a influência de bandas como Mutantes, algumas obras de Devendra Banhart, Foxygen e Tame Impala, todos membros de uma safra de novos e velhos "hippies" que traduzem a revolução de paz e amor vivida nos anos 60 na música. Com um brasileirismo discreto presente nas suas faixas, o grupo bebe de fontes da Tropicália e canta na nossa língua, um grande diferencial que os fez chamar a atenção da imprensa estrangeira, que achou em "As Plantas Que Curam" um remédio para tudo, e para veicular um dos mais potentes exemplares da cena psicadélica brasileira, desde os Mutantes.
Tem que se ter muita coragem para chamar os Boogarins de “Tame Impala brasileiro”. Além de um amor incondicional pelo rock psicadélico e do facto de morarem num cantinho do hemisfério sul (achas que Perth fica aonde?), as semelhanças entre os grupos não vão tão longe – e mesmo as intersecções musicais não são tão claras. Os Boogarins inscrevem-se, na verdade, na tradição partilhada por 12, em cada 15 “doidões do interior” – "a do chá de cogumelo e da colecção de vinis do tio que ainda também é fã de chá de cogumelo". "É só mostrar o caminho que a gurizada entende, ainda mais agora que o nível de exclusividade de conhecimento musical, antes restrita à disponibilidade, agora achata "Yes We Can" na mesma categoria. Assim lá vem muito reverb, harmonias dobradas, um par de baladas e, claro, letras ininteligíveis por quem não estiver na mesma hype. "Agora vai lá fora que acabou de chover e o pasto estava cheio de zebras".
Não vou negar que uma das coisas que mais me levou a carregar no play, foram as incríveis semelhanças entre o vocalista Fernando e o saudoso Jimi Hendrix, na hora de subir ao palco e tocar. Segundo a onda psicadélica, nem mesmo Fernando conseguirá fugir a essa comparação, se assim o entender.
Deixo-vos uma pincelada:


Se andaste a dormir nas últimas semanas, acabaste de perder os dois concertos de estreia da banda, em Portugal. Primeiro no Milhões de Festa, depois no MusicBox em Lisboa...
Vais-te perdoar? 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Meu querido mês de Agosto, odeio-te.


Pois é, parece que finalmente chegamos ao mês que todos os portugueses desejavam. Bem-vindos a Agosto.
O que é que eu, comum mortal ser de Inverno, posso dizer sobre este mês? É o mês onde o país trabalha a meio gás, o pagode quer festas, sol, praia, papo para o ar, nada de chatices, subsídios de férias, saldos, saídas à noite, chinelo no pé...enfim, tudo aquilo que faz parte do estilo de vida português durante a maior parte do ano. Ah e já agora, se não for pedir muito, que me calhe o Euro-milhões!
O mês de Agosto tem também muitas particularidades algo peculiares. É o mês em que as pessoas desaparecem, tal e qual as formigas no Outono. De facto, andar na estrada da capital nestes dias, é como que ir ao peixe à segunda feira. Mas que raio, onde é que se meteu toda a gente? Ah, já sei: todos os caminhos rumam ao sul do país. É aquela altura do ano em que os portugueses se lembram que o Algarve ainda é nosso, e correm para reclamar, aos ingleses, aquela ponta de Portugal continental. 
Este é também o mês em que a nossa querida classe política vai de férias. Ou seja, esta é a melhor altura do ano para os sindicatos assaltarem a "casa do poder". Ah espera, os sindicatos também estão de férias...caso para afirmar que em Agosto somos governados pelo piloto automático, ao contrário do resto do ano em que somos governados pela Troika. Então mas afinal, os nossos políticos vão de férias porquê?
Outro dos pontos altos do mês de Agosto, são as capas das revistas cor-de-rosa. Estas estão 31 dias ao rubro. O favor é-lhes conferido pela nossa giríssima classe VIP, que nesta altura do ano, casa, descasa, anda desnudo, mostra finalmente o resultado do ginásio anual e das cirurgia plásticas, tem novos casos amorosos, e conseguem estar em três ou quatro festas na mesma noite.
Neste mês, o governo vê o custo marginal da via do Infante baixar drasticamente, pois agora que se paga 2 euros de 5 em 5km, até sobra dinheiro para relvar, como deve ser, aqui o Parque das Nações. Oh, porra, este mês os jardineiros também estão de férias...
Agosto personaliza no seu todo, aquele projecto nacional de apoio ao trabalho precário. Aquele dos recibos verdes e cenas assim. As profissões que mais contribuem para isso são sem dúvida, a de barman, bailarina, Dj, relações públicas, empresário nocturno, empresário hoteleiro, prostitutas, pescadores...ah, chiça, esqueci-me, os pescadores não têm férias...
Depois, todos os anos surge-nos as praias da moda, e Agosto traz-nos essa confirmação. Na zona de Lisboa, como o Masstige ardeu (a concorrência faz-se assim no southside), saltam para a ribalta as praias de S. João, e as Avencas. Mais a sul, brilham as praias de Galapagos, Comporta, Portinho da Arrábida e Tróia. No Alentejo, continuam a ser destino de gente gira, a Arrifana e Odeceixe. Depois chegando ao Algarve, temos um dossier para a escolha das diferentes categorias de praias. Assim, temos, para gente que se acha a última bolacha do pacote, a praia da Falésia. Para famílias numerosas temos Monte Gordo. Para a 3ª idade, temos a Praia Verde. Para o pessoal do papel, resta-nos os Salgados, Vilamoura, Quinta do Lago e Vale do Lobo. Para os habitantes da junta de freguesia dos Olivais, temos a Quarteira (Chelas do Algarve). As restantes praias estão disponíveis a todos os banhistas que não preencham os requisitos acima mencionados.
Depois temos a piscina do Casal do Areal, que é a minha "praia" privada todo o mês de Agosto.
Se estão de férias, lembrei-se que é passageiro. Se estão a trabalhar, lembrem-se que alguém tem que o fazer...