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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O bigode sempre a faturar


Por mais que tentemos, existem tiques culturais que nós portugueses carregamos, jamais em tempo algum , iremos perder. Não são necessariamente algo mau, mas concordemos que quando se trata de uma fuga para trás é algo que acarreta um tanto ou quanto de cobardia.
Esta introdução serve-me como mote para um relato que vos vou fazer em seguida, e que me aconteceu numa das minhas idas ás compras.
Como normalmente, todas as semanas vou fazer as compras que suportam a minha subsistência alimentar, a uma cadeia de hipermercados  que até passou a pagar, há bem pouco tempo, os seus impostos na Holanda. Depois de seleccionar criteriosamente os bens que necessitava, dirigi-me à fila para pagar, onde estava um senhor apenas com uma alface na mão. Dado que estava bem próximo do dito cujo, ouvi a conversa que este teve com a caixa do hipermercado, qual passo a relatar:
-Boa Tarde deseja saco?- perguntou a caixa. (que pergunta para uma alface ensacada)
-Não, obrigado-respondeu gentilmente o Sr.
Passa a alface pela máquina que apita e:
-Era uma fatura por favor- pediu o Sr.
Ao que a caixa se riu e mencionou o valor da alface, não ligando ao pedido do Sr.
-Eu precisava mesmo de uma fatura, se faz favor-insistiu o Sr.
-Por uma alface?-ironizou a caixa.
-Sim por uma alface!- perdendo a paciência exclamou o Sr.

E, depois de alguns comentários dos restantes clientes a favor do Sr. , lá a caixa, muito pouco convencida, passou a fatura mas sempre com aquele ar de incrédula.
Ao passar por esta situação, que se apresenta como um pequeno pormenor, refleti e cheguei à  breve conclusão de que são estas pequenas coisas, que perecem insignificantes, mas que nos fazem, a nós portugueses, pequeninos!
Se até o governo, que mais que ninguém necessita de prestar contas, incentiva a requisição de faturas pelos clientes, quer seja por uma pastilha elástica ou de um carro topo de gama, e no fim de contas a pequenez de algumas personalidades não deixa o país andar para a frente...

Cada vez mais, estou convencido de que o grande problema português, não parte da sua economia, mas sim das mentes ocas que habitam em todos os sectores, públicos e privados, do nosso quotidiano. Crise de valores?

Há coisas que o meu bigode não tem capacidade para perceber...   

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