Partindo da premissa de que não existem lugares perfeitos no planeta Terra, existem uns que se aproximam mais disso do que outros.
Não sei se noutra vida fui viking, ou coisa que o valha, mas para além de adorar o Inverno, tenho um fascínio pelos países do norte da Europa. Desde a cultura, à geografia, tudo me diz muito. E, sem nunca lá ter ido, vivo com a ideia de que nós, cidadãos do Sul, vivemos umas quantas décadas atrás em relação ao que se passa a Norte.
Por vezes, tenho a sensação clara de que esta distância temporal, aproxima-se daquela que é a do mundo ocidental para o mundo oriental.
Aproveitei assim estes dias conturbados na Dinamarca (algo a que os dinamarqueses não estão, nem de perto nem de longe, habituados), para juntar algumas ideias em relação aos países da Escandinávia e ao resto do mundo ocidental, tentando chegar a uma conclusão.
A noção que tenho do avanço nórdico já era muito clara, principalmente depois de ter a minha formação académica em Ciência Política. Aprendi que são os países com as menores taxas de corrupção, onde a Administração Pública é um exemplo de eficiência e eficácia, o civismo é um porta estandarte. Estes países detêm as menores taxas de criminalidade do mundo, e a qualidade de vida é algo surreal em comparação ao que se passa a Sul. E a qualidade dos seus produtos é de topo.
Para completar esta informação, assisti ontem ao regresso do meu programa de eleição, o único que me prende em frente ao grande ecrã (Portugueses pelo Mundo), e fiquei ainda mais boquiaberto e cheio de vontade de me mudar para Helsínquia, por exemplo.
Ontem aprendi que um café expresso custa entre 2,5 e 4 euros, que o Sol no Verão só brilha durante seis horas e que este é visto como uma bênção, que existe um equilíbrio intocável entre o meio urbano e espaços verdes, que a Finlândia é três vezes o território português mas que tem metade dos cidadãos portugueses, que é tradição as famílias terem saunas em casa, que as carnes mais ingeridas são alce, rena, veado e coelho, que se pode alugar um terreno para fazer uma pequena horta por 20 euros/ano, e que...(esta chocou-me) podemos entrar num café para lanchamos deixando na rua o nosso bebé no carrinho à espera, apenas acompanhado da nossa carteira ou mala!!!! Não é maravilhoso?
A certa altura dei por mim a pensar, que era boa ideia importar estes bons exemplos de como viver em comunidade para Portugal. Passada uma fracção de segundo, percebi que teria talvez sido uns dos pensamentos mais idiotas que tive nos últimos tempos.
Afinal é tudo uma questão de cultura, de hábitos e costumes. Nós povos do Sul, mergulhados em miséria, facilitismos, favores, corrupção, crises de valores, e assentes na ideia do "porreiro pá", temos um sangue demasiadamente latino e quente, que não nos permite pensar muito além de nós e de como nos safarmos, mesmo que isso signifique a ruína dos outros à nossa volta.
Mas era uma experiência incrível: mudar os finlandeses para Portugal, vivendo estes com a nossa cultura (com tudo o que isso acarreta) e vice-versa. Gostava de perceber o que se teria passado um ano depois...
O que seriam portugueses a viver num país, onde quem anda nos transportes públicos com um carrinho de bebé nunca paga!!! Esgotavam-se os Nenucos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário