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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sobreviver ao quotidiano!


Noites em claro e de sofrimento, é sobre isso que vos quero falar hoje.
Vivendo e aprendendo.
Ultimamente, devido a um qualquer problema gástrico, as minhas noites têm sido passadas em claro, e em sofrimento. Dores incomodativas capazes de não me fazer pregar olho. Tornam-se assim num jogo desesperante de paciência entre mim, contorcido com dores, e o relógio da box da TV por cabo. Este ganha-me sempre, porque sono é coisa que não me vale.
É durante todo este tempo, de sofrimento, que ainda tenho espaço e disposição para pensar em algumas coisas. Todas elas relacionadas com o outro lado de se estar a passar mal. Ou seja, o estar-se a passar bem.
Já alguma vez experimentaram, quando estão debilitados, pensar nas coisas que mais gostam de fazer e comer!!?? Eu já.
Quando estamos em baixo ao nível de saúde, o nosso corpo acompanha o sentido controverso do nosso cérebro. Ainda ontem, quando estava numa situação menos agradável, lembrei-me que deveria ganhar coragem para comer qualquer coisa. Foi então que pensei nos pratos que mais aprecio. Nada mais inconsequente, se o objectivo era o de abrir o apetite. Repugnava, imediatamente, todos esses pensamentos com vontade de vomitar.
Depois voltei-me para o aspecto mais psicológico. Experimentei pensar em coisas que me dão prazer em fazer. Nas coisas que mais gosto. E tudo parecia não ter qualquer valor, nem fazer qualquer sentido naquele momento. O meu cérebro encarregou-se de mandar para segundo e terceiro planos tudo o que não fosse dores de estômago. Deporto, filmes, música...tudo coisas que podiam desaparecer da face da Terra (pelo menos naqueles momentos. Porque agora já não!).
Hoje, um pouco mais bem disposto, tenho ainda forças para pensar no que vai na cabeça daquelas pessoas que estão verdadeiramente entre a vida e a morte. Sem me querer colocar na sua posição, aposto que trocavam, na hora, a falta de saúde por qualquer outro gosto pessoal existente. Naqueles momentos nada, para além do alívio, faz sentido. O que é incrível é que horas depois, e já de saúde, todas essas coisas voltam ao topo das prioridades.
Em momentos de aflição e sofrimento, o que unicamente importa é ultrapassar esse estado, custe o que custar. Mesmo que para isso tenhamos de desligar a ficha face aos prazeres da vida, pois estes não têm qualquer peso e significado naquelas horas. 
E assim nos reduzimos à mais simples e básica regra do ser humano: a sobrevivência.

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