Antes de mais, já repararam no nosso verdadeiro e excelente Verão de S. Martinho? É à antiga...
Como amante do Inverno, este é o Verão que eu mais gosto, o que é regado por água pé, jeropiga castanhas assadas, fritas, cozidas, pelo frio nas ruas, os cheiros intensos no ar, companheirismo em jantares tradicionais, feiras, circos...e mais tarde o Natal.
Isto tudo para vos dizer que sou completamente fascinado por castanhas. Sim, aquelas que nós tanto apreciamos e que os porcos cheiram e metem de lado, a favor das bolotas.
Espero sempre com alguma impaciência a chegada desta época das castanhas. Que bem que me sinto com aquela sensação de empanturramento criado pela consecutiva ingestão desta bola farinhenta. Assim se percebe a tremenda necessidade de se ingerir algo líquido (e com álcool) que possibilite fazer descer a avalanche de farinha que nos obstruí o esófago.
No entanto, nem tudo o que são castanhas são iguarias, a meu ver. Cozidas, com ou sem erva doce, nem vê-las!! Já assadas, ou melhor, bem assadinhas, com aquele ar semi-queimado, é de bradar aos céus. Bem como, cozinhadas no forno com algum tipo de carne, ou fritas para acompanhar outro prato qualquer.
Os antigos dizem que as castanhas chegavam a ser o prato principal quando não haviam possibilidades para mais. Hoje, passados alguns anos, a história é inversa. Devido à sua mediatização e sucesso, as castanhas atingem valores proibidos a certas carteiras. O que me entristece, porque é, e sempre será, uma iguaria do povo para o povo. Como resultado desta inflação (ou roubo), surgem sempre aqueles que gostam de ganhar dinheiro com estas coisas, achando-se sempre mais espertos que os outros. Ou nunca repararam que as primeiras castanhas que aparecem nas grandes superfícies são caríssimas, tendo sido conservadas de outros anos?
É aqui que queria chegar. Mas já não me enganam mais vez nenhuma, porque a sabedoria dos mais vividos tem sempre mais força.
Um dos últimos ensinamentos que a minha querida avó Tina me passou, prende-se exactamente com as castanhas. Mais concretamente, como escolher apenas as castanhas novas quando elas são vendidas a granel, misturadas com as de outros anos.
É isto que quero compartilhar com vocês!
Ora bem, nos cestos para venda o truque é escolher uma a uma, colocando de lado as castanhas mais baças e escolhendo as mais polidas. Sinal que diferencia as novas das velhas. Assim, nunca irão apanhar, depois de cozinhadas, aquelas agradáveis surpresas assentes em podridão e bicheza.
Vivendo e aprendendo.
Por incrível que pareça, ontem, noite de S. Martinho e do tradicional magusto, não lhes toquei nem as cheirei. Adivinhem para quando a vingança?
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