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sábado, 29 de abril de 2017

Diário dos dias

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Comprei um tempo novo. Estava em saldos.
Cheguei a casa tarde e a más horas. Quando experimentei estava justo.

Quando a sensação de que o tempo curto entra nas nossas vidas, tudo começa a parecer mais veloz. A atenção redobra e a boca entorta.

Reparei que no novo sítio onde vivo, os vizinhos são patrocinados pela Ralph Lauren.

No curso que estou a "tirar", tenho testes todos os dias e só passo acima de 80% (inclusive), se chumbas chegas mais cedo a casa.

Onde sempre treinei e continuo a treinar, na esquina da ponte com os infortúnios de uma sexualidade itinerante, colaram cartazes que alertam para o aumento dos infectados com Hepatite A entre homens portugueses. Concluo que treino num hotspot...

Um dia vou voltar, caso o tempo não demore. 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O playback do cumprimento

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Nós, como seres humanos, podemos ser realmente estranhos.
O que faz de nós diferentes dos outros animais é a inteligência, mas existem pequenos pormenores culturais que vamos assimilando, geração após geração, que se traduzem em hábitos extremamente esquisitos.
Tenho andado a matutar nisto e agora gostava de saber a vossa opinião.
Já pararam para perceber o quão ridículo é a nossa forma de cumprimento mais convencional? Sim, aquela dos dois beijinhos nas faces...
O que acredito ter sido um cumprimento verdadeiro para com pessoas que nos são próximas, com o passar dos tempos tornou-se uma estranha forma de dizer olá a uma pessoa qualquer.
Ou seja, na sua génese este cumprimento, consistia em beijar a outra pessoa (com os lábios) em cada face, e receber o mesmo em troca. Até nem estava mal pensado...
Hoje, não passa de um encosto de cara suave que em simultâneo emite um som de beijo em playback. Traz tiques de cinismo.
Depois, de tão desconfortável e de tão desvirtuado que está, existem também diversas variações do mesmo:
Pessoas que não emitem qualquer som, limitando o cumprimento a um simples encosto de cara de ambos os lados. Pessoas que reforçam de tal forma o playback de beijo, que os tímpanos se ressentem. E ainda, há quem seja conservador ao ponto de arriscar beijar (com os lábios) as faces do outro, deixando aquela humidade na bochecha que urge em ser limpa à primeira oportunidade.
Um caso à parte, e ainda mais estranho, é o caso do cumprimento das "pessoas de bem".
Esta última, por ser tão purista, talvez seja a que mais estranheza me cause.
Depois, olhando para outros povos, percebo que não faz sentido o que fazemos e teimamos em voltar a fazer. Ou bem que se cumprimenta, ou bem que não se cumprimenta. 
Um simples acenar de cabeça, ou um aperto de mão ultrapassa todos estes quid-pro-quos.

Pensem bem nisto e digam-me se não tenho razão. Ou também fazem playback? 



terça-feira, 4 de abril de 2017

Máquina do tempo

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4.4.2017, pelas 10:30, 23º graus, Parque das Nações, Lisboa.
Nesta fantástica de manhã de Primavera, andava eu a mexer o esqueleto, como habitualmente faço, quando a meio do meu caminho me deparo com uma birra gigante de um gaiato dos seus 8 anos, que obstruía o caminho. 
Afrouxei para não o atropelar, e apercebi-me que o alvo daquela ira era a sua progenitora. 
Apercebi-me também qual o motivo de tanta birra.
O miúdo gritava repetidamente: "Quero ir para casa, quero ir para casa..."
A mãe explicava-lhe que estava um dia tão bonito e que podiam aproveitar para usufruir do meio ambiente e brincar ao ar livre.
Segui o meu caminho e meditei sobre o sucedido.
Senti-me velho...

4.4.1997, pelas 15:00, 12º graus, Cartaxo. 
Lá estava eu, a chorar à porta de casa, a fazer a maior das birras porque queria ir para a rua brincar com os meus amigos. Ao que a minha mãe me respondia impacientemente: " Está ferrado a chover, e está muito frio para ires para a rua. Vai brincar para o teu quarto".

Retire as conclusões que desejar...