Na sequência do novo programa da TVI 24, tive a brilhante ideia de desmistificar um pouco do que é realmente isto da política. E avanço desde já, não a levem tão a sério porque ela não está para aí virada.
Primeiro que tudo, desengane-se quem pensa que a política nos serve a nós cidadãos que lhe damos voz. Pelo contrário, ela apenas se serve de nós sem ser convidada. Por isso, a ideia de que a solução de todos os problemas está na política é pura ficção, como já temos reparado, mas é a forma menos má que encontrámos para alguém nos governar.
Durante a minha licenciatura e mestrado, tive a oportunidade de ouvir, na primeira pessoa, testemunhos de quem já "lá" esteve (naquele poleiro onde nós os metemos), e desde então fiquei com uma ideia muito mais clara deste universo temático.
Se no princípio da política esta era para sábios, inteligentes e doutrinadores, hoje a realidade mostra-nos que basta ter metade de cérebro, um fato, uma gravata, risco ao lado, e saber dizer "pão" para que tenha tudo para dar certo. Aqui a inteligência deu lugar à esperteza, se é que me faço entender...
É a questão fundamental que desmonta tudo o que um político possa orar para cativar eleitorado (objectivo único do burocrata é a chegada ao poder e por lá ficar máximo de tempo possível), por isso, fico chocado quando oiço dizer que os políticos prometem muito e depois quando lá estão não cumprem nada. Não existe maior ingenuidade da nossa parte do que esta. A isto mesmo se chama academicamente o "ciclo do burocrata", e como próprio nome indica é cíclico, ou seja:
1- existe a promessa que gera confiança;
2- a chegada ao poder que gera popularidade;
3- o incumprimento das promessas que gera desconfiança;
4- a concretização de algumas promessas em fim de mandato que gera novo aumento de popularidade;
5- nova campanha e novas promessas que geram nova confiança;
É só isto mais nada!
E para além de que toda a vida política é uma mera ritualização do poder, composta por: comportamentos padrão, discursos clichês, e vestir o figurino certo. Portanto, tudo o que se passa num parlamento é pura ficção, apenas a demonstração de rituais inerentes aos cargos para os quais o povo os escolheu. Nada se decide ali meus caros...tudo já estava decidido antes.
(não sei se já alguma vez repararam no quão ridículo é, quando, sempre que um político discursa para um micro, está sempre rodeado por apoiantes que estão ali para isso mesmo. São figurantes que servem para dar força à imagem do burocrata)
As campanhas eleitorais são outro momento de alta ritualização do poder. Nem a oposição é verdadeira. Apenas existe a preocupação de dar a "escolher" ao povinho mais do que uma opção no cardápio.
Esta ritualização e ficção só servem os intentos do burocrata que tem como um dos principais objectivos manter o seu eleitorado o menos politizado, menos consciente, e o mais ignorante possível. Só assim as coisas dão certo na política. Países com povos muito instruídos e lúcidos politicamente, são povos mais avançados na "coisa pública" e países onde os índices de corrupção são menores. Basta viajarmos para norte.
Em Portugal, está na altura destes ritualizarem entre si tudo isto, e ao mesmo tempo nos deixarem o mais confusos possível, o que significa trabalho bem feito. Para a maior parte do eleitorado português basta ouvir aquela frase que se queria ouvir e pronto, tudo o resto não interessa e a cruz está desenhada no boletim de voto.
Depois, resta-nos continuar a votar sempre que somos chamados, pois mais vale um eleitorado ignorante do que um eleitorado mudo.
Votemos no que de menos mau existe!!
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