Constatação de facto: (acordo ortográfico não em vigor neste blog)
Eu nasci em plena década de 80 e cresci durante toda a década de 90. Portanto, nasci e cresci em plena explosão do consumo de drogas, álcool e tabaco. Aparentemente, estes eram os tempos em que as cadeias de fast-food começavam a proliferar pelo solo nacional e a deixar as pessoas obesas de gula. Naquela época todas estas coisas, que rapidamente se transformaram em vícios da maioria, eram resvales de uma sociedade que acabará de sair de anos de ditadura e ansiava por se mostrar capaz de ser dona do seu nariz (livre), mesmo sem saber o seu verdadeiro significado.
Por isto, era normalíssimo encontrarem-se nas ruas: toxicodependentes a cair de ressacas e pedradas, bêbedos a consumir vinho de mesa, adolescentes que começavam a fumar ainda no ciclo preparatório, e famílias inteiras que excursionavam à Meca dos hambúrgueres e das pizzas mais próxima. Todos lambiam os dedos, cada um à sua maneira, mesmo que já os tivessem vendido para pagar o vício.
Quem fosse viciado em qualquer destes temores era tido com alguma consideração no seu seio social. Exemplos a seguir.
Parece quem foi há tanto tempo, não fosse o tempo uma coisa passageira que passa por nós como se tivesse sido ontem.
Hoje conversamos de outra maneira. Mudam-se os tempos mudam-se as modas...
Será que podemos afirmar que os vícios passaram a virtudes? Eu não arrisco isso.
O que é certo é que nos tempos que correm, essa nuvem negra foi soprada (superada) e finalmente a sociedade começa a reconhecer um plano de detox geral. Os excessos de outros tempos parecem ter passado à história, e hoje o goal é totalmente o inverso.
Existe uma tremenda demanda por ser, e fazer-se querer parecer o mais fit possível! Mas o que é isto de ser fit que toda a gente quer ser, mas que nem toda a gente sabe o que quer dizer (à imagem do que escrevi acima). Ser fit não é apenas ter-se aquele corpinho danone capa de revista, o conceito vai mais além.
Ser fit é levar-se um estilo de vida saudável, activo, consciente, limpo e contagiante!
Finalmente, há uma nova forma de olharmos para nós próprios e de olharmos para os outros. Se em tempos no seio social os abusos eram de ressalvar em qualidades, hoje é exactamente o contrário que faz de nós seres aceites e bem vistos.
Actualmente, quem não tem cuidado no que põem à boca, quem não faz desporto, quem não se apercebe dos problemas do planeta, quem vive agarrado aos vícios do passado, e quem não dá o exemplo, é olhado de lado e censurado pela sociedade. Basta-nos olhar para as redes sociais que são sempre o melhor eco de quem somos e para onde vamos. Claro que nem tudo é um mar de rosas, mas isso é outro assunto. Nas redes sociais "o pão nosso de cada dia" são corpos cuidados e mentes sãs.
Por exemplo, nada me dá mais prazer (eu que nunca fumei) ver amigos/as de sempre, que fumavam desde a escola porque era fixe, a deixarem de o fazer em consciência. Malta que não se preocupava minimamente com o excesso de peso, e que agora faz exercício e tem gosto em fazê-lo. Pessoas que comiam por gulodice e que agora tem a roda dos alimentos na cabeça...
Mas poderemos nós afirmar que os vícios deram lugar às virtudes? Não me parece de todo.
Pensem nisto.
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