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quarta-feira, 30 de março de 2016

Lobby conjugal


Passados alguns anos desde que me dediquei a estudar o comportamento animal de casais, posso agora afirmar com clareza o maior dos lobbies conjugais!
Depois de observar e ouvir vários testemunhos reais, chego à conclusão de que existem muitas mais coisas capazes de fazer ruir uma relação por completo.
Já lá vai o tempo em que eram "apenas" as traições, as infidelidades, as faltas de respeito, as mentiras...que afectavam seriamente a saúde de uma relação, até normalmente levá-la ao limite do desgaste e ao seu terminus.
Ao que parece entrou em cena uma nova ameaça, que em tempos não figurava sequer no cardápio dos piores inimigos, mas que de tão insignificante que possa parecer ao comum dos solteiros, na vida em casal ganha hoje tamanha importância. 
Falo-vos do lobby da visualização em conjunto de séries e/ou filmes.
Se se estão a identificar com este tema, e já o sentiram na pele, sabem do quão poderoso ele se tornou nestes novos tempos.
O que é certo é que algumas discussões começam a meio de uma conversa entre amigos, em que uma das partes revela o "segredo" de que adora aquela série ou film. Caldo entornado, visto que a outra parte, não raras as vezes irá disparar "Estás a fala de quê?...pois, vês tudo sem mim" ou "Começámos a ver, mas ela não gostou, então já não vimos mais..." entre outras hipóteses.
Aqui o simbolismo da situação, reporta-nos para um único ser e não para uma relação a dois. Um único espaço vital, e não dois. Um ser com 4 olhos, 4 pernas, 4 braços que respira o mesmo ar...e assim sucessivamente. Não existe espaço para coisas pessoais. Afinal, uma relação é como um espaço comum, onde um passo em falso como este, pode ser a morte do artista.
A não prática deste ritual, é hoje, semelhante à descoberta de que o outro se masturba ou vê porno, de que mantém em segredo uma amizade antiga forte, ou em muitos casos, de que trai. 
Tem quase a mesma gravidade acreditem.
Rezo muito por estes casais, e faço votos para que cada um (individualmente) continue com os seus "guilty pleasures", mas que nunca os revele por nada.

Eu próprio, ainda solto gases às escondidas...
  

sábado, 26 de março de 2016

"Só o acompanhar"



Só o acompanhar

Já nem penso que estás
Ferrugem dobras que vale a pena
Aquela que corta a cena
De tanta força que faz

Lugar vazio, coisa torta
Limpo sempre o chão
Não olhes pra ver se não
Não estou cá pessoa morta

Rasga e parte ao meio 
Se ninguém vê, nunca é feio

Ilha deserta sempre foi
O recreio da escola
Sempre cai, sempre doí
Prende sempre na mola

Nem que fujas pra cá
Fazes a água correr
Olho no redor de lá
Mas escorre de não se beber

Rasga e parte ao meio
Se ninguém vê, nunca é feio

Sós que andam na companhia
Mundo menos cheio
Tão sozinho que não creio
Ter de me encontrar um dia

Rasga e parte ao meio
É só pra ti, ninguém veio


by Bigode do Barão



quarta-feira, 23 de março de 2016

Eis a questão!




Se um dia tiveres de escolher entre a tua vida e a tua liberdade, qual seria a tua opção?

Agradeço uma reflexão sobre isto, se é que ela é necessária...
Por hoje é tudo e sobra sempre.

sábado, 19 de março de 2016

Farol tão perto



Farol tão perto

*
Ficas tão perto que não te vês
Encandeia o pensamento
Já somos Três
A distância é curta quase que sentes
A tua luz
Os meus pés dormentes

Mesmo que fraca iluminas mais
Estás ao fundo
Daqui ao cais
Silhueta forte de corpo ausente
Viagem curta
Ficas em em frente

Tanto chegas que cá ficas
Navega sempre
Mesmo que insistas
Trocas quase à vez comigo
Mundo mudado
Porto de abrigo

Amarra a corda quando não vens
Lugar seguro
Já ouço que tens
Quando toco sempre e estás aí
Gira a lanterna
Estou cá por ti

Viagens redondas sempre quadradas
Regresso a casa
Limpo as fardas
Trocas no sentimento que sai
Aperta abraços
És todo pai!
*


Bigode do Barão













terça-feira, 15 de março de 2016

A moda das corridas de café


Primeiro que tudo, devo dizer-vos que nunca na minha vida de 30 anos, conduzi uma mota. Isto é para que fique tudo já em pratos limpos. Ou seja, podem chamar-me de "menino", mas também conheço quem tenha a mesma idade que eu e não saiba andar de bicicleta. Por isso, ainda vamos todos a tempo.
Desde sempre, que os motociclos, foram para mim um objecto estranho ao qual eu não conseguia atribuir qualquer significado. Ou melhor, sem muito saber acerca deste mundo, leigo como nenhuma outra pessoa, sempre achei o movimento ligado às motas algo de algum mau gosto. 
O tradicional estilo motard, sempre me soou a bimbalhices e falta de gosto. Mas, refiro-me apenas ao pouco ou nada do que conheço como amante das duas rodas. Assim ao estilo "Sons of Anarchy" if you know what i mean...
No entanto, de há dois anos para cá que descobri o bom gosto ligado às motas e o seu lifestyle, o que não tem rigorosamente nada que ver com os tradicionais motards de barba rija e aspecto de rufia, que montam uma Harley que acorda os vizinhos e escorre em óleo.
Falo-vos do revivalismo do que é ter uma cafe-racer.
Não existe nada mais em voga do que um estilo de vida ligado às scramblers e afins. Muito por culpa deste se ter juntado ao surf e à moda, nestes últimos anos. E nesse aspecto tenho que agradecer à Deus ex Machina que me fez descobrir este mundo novo, das motas de bom gosto.
Mesmo para quem nunca achou piada a motas, mas que preza pelo lado estético das coisas, facilmente se deixa enfeitiçar pelo mundo cafe-racer. 
Existem motas lindas de morrer, daquelas que dá vontade de ir tirar a carta, montar para tirar uma foto, ou simplesmente, ter em casa como exposição.
Agora imagine-se este movimento para quem já era amante das duas rodas...deve sonhar dia e noite com a possibilidade de ter a sua "menina" na garagem.
E esse sonho está cada vez mais acessível à realidade, a contar pelos enumeros mecânicos ou curiosos, que já se renderam a este estilo de vida, e fazem disso o seu novo negócio ou hobby. 
Ter uma mota personalizada totalmente ao nosso gosto deve ser uma sensação incrível. Para quem, como eu, sempre adorou ter coisas diferentes dos outros. 
E quando falamos em preços para estes serviços, a vontade ainda é maior, não esquecendo o seu valor como produtos de origem.

Deixo-vos alguns exemplos:

 





Agora estava aqui a tarde toda...


sexta-feira, 11 de março de 2016

Calor Humano - o verdadeiro significado


Pela primeira vez este ano, o sol parece quer dar um ar de sua graça, o que nos confere um dia mais agradável logo à partida. 
Ainda assim, é um sol enganador e que ainda está a part-time, sendo que não aparece sozinho mas sim mal acompanhado. 
Esta é a altura do ano em que a primavera tende a lembrar os humanos do nosso hemisfério, que está para breve a sua chegada, mas por enquanto nada de andorinhas, por isso nada de fiar. 
Dias solarengos, ainda que frios e ventosos, são uma ilusão que chega ao fim sempre que o sol se põe. 
Noites de vento cortante e gélidas é o que temos para o jantar.
Como sabemos, o estado do tempo tem um poder incrível sob o nosso humor e forma como encaramos o dia. 
Escusado será dizer que precisamos de sol para viver. Anda tudo mais bem disposto aposto. Mas, hoje cheguei a outra constatação face a esta problemática.
Quanto mais velho nos tornamos, maior necessidade de calor temos, e assim todos os raios solares não chegam.
Mas quando se é novo, bastante novo aliás, não há frio que nos meta medo, nem falta de sol que nos entrave o dia.
Como trabalho rodeado de três colégios, é prática comum ver petizes de um lado para o outro.
Ora, aos primeiros raios de sol, é ver a criançada de calções e t-shirt, sem que com isso hajam arrepios de frio. 
Fazendo agora uma exercício de memória, reportando-me ao tempo em que também eu era um petiz de mangas ranhosas, reparo que esta turma encalorada não é de agora. 
Naquele tempo, lembro-me bem, que quem fosse o primeiro a aparecer de t-shirt e calções aos primeiros raios de sol, era o ditador de tendências. A partir daí não havia quem ousasse voltar aos casacos e calças.
Deve, com certeza, haver alguma explicação científica para este facto, e eu vou ficar a aguardar mais esclarecimentos, enquanto não consigo despir o casaco por vergonha... 

segunda-feira, 7 de março de 2016

O poder da palavra "hobby"


Pois é, passamos a vida em círculos temporais que fazem com que nos sintamos num looping constante.
Ainda ante-ontem estávamos a festejar a entrada em mais um fim de semana, e hoje, como que num abrir e fechar de olhos, já voltámos ao batente.
Durante muitos anos, nunca tive aquela sensação de mau-estar ao acordar, sempre que tinha que ir trabalhar. Durante todo esse tempo, vivi aquele sonho de nunca ter trabalhado verdadeiramente, porque fazia o que mais gostava na vida e ainda era pago para tal. Logo, para mim, não haviam segundas, nem terças, e muito menos tempos cíclicos que nos levam ao alívio, e ao desespero, com a distância de 2 dias.
Mas tudo isso já lá vai, até porque tinha pouco de real e tudo de surreal.
Hoje, feliz ou infelizmente, percebo o que representam as segundas feiras, as terças, os sábados e por aí fora.
E pela primeira vez, percebo também a importância dos hobbies na vida de quem trabalha por necessidade e não por prazer.
Sempre soube que amigos/as meus, para além de terem a sua ocupação profissional durante a semana, diluíam essa responsabilidade com hobbies. Só nunca tinha percebido a verdadeira lógica disso mesmo.
Esta mistura de hobbies com trabalho, faz com que a semana passe num ápice, assim como os fins-de-semana, que de tão bons, contam cada segundo para valer a pena.
A ideia é ter dois ou três dias destinados a actividades que nos dão prazer e nos façam esquecer, durante alguns minutos, do stress laboral, das responsabilidades e principalmente das preocupações da vida. Esta é uma verdadeira terapia psicológica para nós.
Seja fazer exercício físico, jogar às cartas, ver um filme, ler um livro, beber um copo, ir às compras, passear o cão...não interessa a acção, desde que esta signifique prazer.
O tempo que lhe despendemos é realmente terapêutico. E por mais que tenhamos tido um dia lixado no trabalho, e a nossa cabeça esteja feita em água, estas actividades, que fazemos pelo nosso belo prazer, fazem acelerar o tempo que é cíclico, e pode ser cruel.
Só agora percebo tudo isto, e também tive que me associar a estas práticas, se não dava em doido rapidamente.   

Vivendo e aprendendo... 

terça-feira, 1 de março de 2016

Migalhas de pão foi o que vi


Treinar logo pela fresquinha, é coisa que me assiste há muito tempo. É algo que me potencia o resto do dia, que me faz sentir leve e disponível para lutar mais uma vez. 
Mas hoje, a meio do treino, aprendi o que nenhum outro treino me ensinaria. 
"Aprendi" não por não saber da realidade, mas por aprender realmente a pensar nela.
A meio do running, ali por detrás do pavilhão de Portugal, zona onde pernoitam alguns mendigos, observei o seguinte cenário:

-O primeiro, deitado e tremendo com o frio da manhã, por apenas ter uma manta disponível e esta estar a aquecer os seus dois cães;

-o segundo, que sendo a pele e osso, desfazia nas suas desgastadas mãos, dois pedaços de pão, não para comer, mas sim para mandar ao chão onde enumeras gaivotas se banqueteavam, e na água onde os peixes comiam o seu pequeno almoço;

-a terceira, de olhos bem fechados e de cabeça erguida para o céu, com um sorriso nos lábios, parecia agradecer por finalmente o Sol alimentar o seu dia.

Perante este cenário, fiz o que restava do meu treino a pensar que sou um gajo bafejado pela sorte, e que jamais me poderei queixar da vida que levo, ainda que, esporadicamente, as coisas não corram como eu queria.

Migalhas de pão ao pé do que vi.

Era só isto.