Ou nesta fase da minha vida ando sensível de mais, ou simplesmente a cruel realidade que nos rodeia leva-me a ocupar tempo cerebral a mais. Ainda não descobri bem...
Nunca fui sindicalista, e este post não tem qualquer conotação política de direita ou esquerda, apenas tento compreender o que se passa neste país das grandes feitiçarias político/económicas.
Sem requintes de voodoo, a vida da maioria dos portugueses, que têm que trabalhar uma vida para conseguirem sobreviver com as condições mínimas de sobrevivência, ou condizente com os padrões aceitáveis da condição humana.
Depois, o maior ou menor sucesso depende de inúmeras variáveis que não encontra aqui justificação de menção. No sucesso reside a diferenciação entre quem ganha muito, quem ganha o que merece, e quem ganhe quase nada.
Na maior parte das vezes, não é necessário ser-se um génio na sua função para que o sucesso e os €s batam à porta.
Mais recentemente, percebi que existe ainda outra realidade, talvez das mais ridículas alguma vez encontradas.
Estes dias tive conhecimento de que o presidente executivo (CEO) da EDP, António Mexia, vai ganhar, no máximo, 2,6 milhões de euros de ordenado no final deste ano, isto incluindo as três componentes que compõem o seu salário, ou seja, a parte fixa, a parte vulnerável anual e a parte variável plurianual. O aumento, que é de cerca de 700 mil euros face ao tecto máximo anual que o gestor podia receber até agora e que era de 1,9 milhões de euros, foi a votos esta terça-feira à tarde na Assembleia Geral de accionistas no seguimento da aprovação da nova política de remunerações da empresa.
Ou seja, Mexia irá ser aumentado na sua parte fixa do vencimento de 600 mil para 800 mil. "Um montante que “embora competitivo, posiciona essa componente remuneratória abaixo da média do universo analisado”".
No entanto, a parte variável do seu vencimento continuará a valer o dobro da parte fixa, o que corresponde a 60% do valor total. Assim, os tais 2,5 milhões de euros anuais, dependem da concretização dos objectivos da EDP, aos quais Mexia está sujeito, e que tem cumprido até agora.
Antes de concluir, gostaria ainda de juntar a esta informação, que António Mexia ganhará mais que Steve Jobs, e estamos em Portugal e não nos States.
Ora bem, não ponho em causa o profissionalismo de Mexia nem a sua elevada performance na função que desempenha, não é essa a questão aqui. O que me deixa perplexo é o valor que este vai auferir ou mesmo o que já auferia.
Agora pergunto: Será que António Mexia conseguiria ganhar o mesmo sendo CEO de uma empresa de tv por cabo, abate de animais, sistemas de rega, importação exportação de retalho...???
Coloco esta questão apenas para balizar o meu pensamento.
Já pensaram no que consiste o trabalho deste senhor?
Basicamente é CEO de uma empresa que detém o monopólio das energias em Portugal, tendo como função cumprir os seus objectivos, tornando a empresa cada vez mais rentável e por inerência, aumentar os lucros anuais.
"Espectáculo", dizem vocês! "Emprego de sonho" digo eu.
Ora, qual será a dificuldade de atingir ou até ultrapassar os seus objectivos profissionais quando, no fundo, o que ele faz é vender um bem essencial a todas as pessoas?
Não será muito difícil vender energia ao comum dos mortais do séc. XXI. Falamos de um bem que todos nós, hoje em dia, necessitamos para desempenhar as mais variadas tarefas referentes à nossa existência.
Será que uma pessoa merece ganhar tanto dinheiro, por vender algo que toda a população vai comprar mesmo que não queira?
Talvez seja bruxaria...
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