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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Tirei um retrato de onde vivo



Às vezes preocupo-me um pouco com a imagem do meu país. Não é uma preocupação desmesurada, no entanto, gosto de sentir o pulso à actualidade do meu país, sem aprofundar muito os temas, correndo o risco de ficar atolado em merda.
Quando não há cheiro, o tuga inventa. Somos inventores por natureza, sim senhor e muito obrigado.
Este é o retrato de Portugal 2016:

As pessoas queixam-se porque o Verão teima em chegar, mas na verdade ainda estamos na Primavera.
O primeiro grande festival de música na capital deu alguma barraca, as pessoas queixam-se mas vão na mesma.
Estamos à beira da febre da selecção nacional. Os portugueses continuam a bater no ceguinho e ele ontem marcou um golo.
Rumando a uma política de esquerda, o governo decide cortar o financiamento às escolas privadas. A extinta classe média vem para a rua, tal qual fantasma, e grita porque quer que o seu filho tenha liberdade para estudar onde os pais quiserem. Não contem comigo.
O e-government da máquina tributária encrenca na hora IRS. Os contribuintes reclamam, e para o ano quem trabalha de forma dependente já não tem que se chatear com isso. Eles fazem tudo.
Cá dentro não está bom. Entretanto, Lisboa e Porto preparam-se, este ano, para bater todos os recordes de turismo. Não tenho culpa de cá ter nascido.
Eu esforço-me para passar a imagem do meu país, a amigos meus estrangeiros, que somos a Califórnia da Europa. Eles teimam que somos o Cu da Europa.

Entretanto, amanhã é terça-feira.
Obrigado!

Lisboa, 30 de Maio de 2016


terça-feira, 24 de maio de 2016

Manual do conhecimento



Quantas vezes já te perguntaram, ou te perguntaste, se conheces realmente aquela pessoa?
É uma pergunta recorrente para aferir a veracidade das relações, do saber com o que se contar do outro lado, da confiança e da lealdade que sustenta um sentimento vital.
Pois bem, não sendo fácil responder a tal questão (sem ter que pôr as mãos no fogo), hoje ajudo-vos a chegar a tais respostas, da mesma forma que eu cheguei.
A pergunta de partida é a seguinte: Será que algum dia conhecerás uma pessoa a 100%?
Eu digo-vos que sim, que conheço uma, e chega-me bem.
Portanto, tu conheces realmente outra pessoa quando tiveres reunido todos estes parâmetros:

-Saber como tirá-la do sério em menos de 5 segundos;
-Saber qual era o seu prato (mesmo no meio de 100 pessoas);
-Saber que acontecimentos a levam à casa de banho, e quando (sólido ou líquido);
-Sentir a sua presença pelo cheiro;
-Saber acabar as suas frases, inclusive com sons ou movimentos;
-Saber qual o seu estado de espírito só com o olhar;
-Saber se soltou um gás (cheiro ou som);
-Saber antecipar exactamente o seu comportamento;
-Saber como arrancar aquele sorriso mesmo quando parece impossível.

Estes são alguns dos requisitos mínimos para se conhecer alguém a 100%, como se fosses tu mesmo.
E nunca me respondam algo como: "Sim, conheço perfeitamente. Adora bacalhau com natas e detesta o Bruno de Carvalho!"

Isso não chega, e é senso comum... 



quinta-feira, 19 de maio de 2016

Espelho meu, espelho teu


Os meus primeiros minutos diários são sempre os mais produtivos.
Acordar pela fresca com o cérebro soltinho, permite-me prestar mais atenção ainda aos outros e a coisas que não têm importância nenhuma, mas que nos podem ajudar a compreender o mundo à nossa volta. Pelo menos tentar.
Pequenos pormenores que capto sempre que - tal qual stalker - tomo o pequeno almoço na varanda lá de casa. 
Entre várias coisas (nudez incluída) observo a rotina matinal das pessoas. E até aqui há diferenças entre homens e mulheres, diferenças que podem explicar o comportamento animal que difere ambos os sexos da mesma espécie.
Hoje, constatei mais uma vez tais diferenças, neste caso, de comportamentos nos primeiros minutos de mais um dia.
Se eles passeiam os cães enquanto aproveitam para bocejar e fumar o primeiro cigarro do dia, num passo tranquilo, deixam os filhos à porta da escola esperando que estes se dirijam ao interior, tendo ainda tempo para dois dedos de conversa com outro macho progenitor. Elas, bom...elas primam pela diferença de comportamento em relação ao sexo oposto.
O stress é palavra de ordem na manhã de uma mulher.
Claramente sobressaltadas pelo passar dos minutos, elas imploram para que os cães façam o que têm a fazer o mais rápido possível (com o ar de desespero de quando elas próprias estão aflitas também), em vez de fumarem, dão os últimos retoques no cabelo e maquilhagem em passo apressado, estacionam em cima dos passeios e correm com os filhos ao colo para os deixar do outro lado da estrada, dando tempo apenas para um beijo de fugitivo...
No entanto, existe um momento em que o tempo parece parar. Uma espécie de Matrix a que só as mulheres têm direito. Quando parece que o atraso é tal que já é meio dia, eis que existe o momento espelho/vidro. Momento em que todas - mesmo todas - que por mais pressa que aparentem, sempre que passam pelo seu reflexo param e olham para ver se aquela é mesmo ela, mas no seu melhor!!
Conferido por segundos, tudo volta ao stress habitual, já com o macho no seu local de trabalho.
Digam o que disserem, elas têm poderes!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Desabafo de um ex-amante do desporto rei


Quando há um ano atrás deixei o futebol, foram muitas as pessoas que me perguntaram o porquê dessa decisão. Limitava-me a dizer que estava farto, e que para mim chegava.
Depois de finda mais uma época futebolística, fico com a sensação de que não vos preciso de dar muitas mais explicações que justifiquem a minha decisão (que aliás tinha sido tomada no inicio da anterior época).
O futebol em Portugal está muito doente. Tem cancro em fase terminal.
Só quem viveu 23 anos neste mundo sabe do que fala, porque quem apenas é adepto não imagina nem metade da verdadeira realidade, e da podridão em que este desporto se baseia. A podridão que o alimenta e os reféns que toma...
Numa visão muito sóbria, o perfil do português não lhe permite ter acesso ao poder, porque tende sempre a usurpá-lo. Este é um dado histórico, que pode ser comprovado facilmente, desde o tempo em que O Rei "bateu na mãe".
Os sintomas são tantos que nem sei bem por onde começar. Mas, vou fazer um esforço para não me esquecer de nada que comprove o que eu digo.
Desde a forma como os adeptos se manifestam em todos os momentos (gerando quase um clima de guerra civil): dirigentes que se lambuzam no clube, que é de milhares de gente e não deles; atletas e reféns frustrados que tomam decisões em desespero de causa; a entrada em "campo" de actores que nem sabem o que é uma bola mas sabem muito bem o que são €s, tomam de assalto os clubes e as instituições; a falta de charme desportivo em que os intervenientes se encontram; o desrespeito pelo bom nome dos clubes; o desprezo pelos amantes do desporto...sei lá!
O desporto não é nada disto meus caros! 
Vivemos num mundo perigoso, onde até as coisas que em tempos nos fizeram distrair a cabeça, nos podem agora engolir!
Eu que lá andei, senti e vi um pouco de tudo isto, e como gosto muito da minha pessoa, tomei a decisão que (percebo agora) pecou por tardia. 
Foi uma questão de orgulho próprio, porque sou bem mais que aquilo que para ali andou a correr atrás de uma bola.
Resumindo em poucas palavras:

O futebol de hoje, é aquele onde se vêem clubes a prostituírem-se, se vêem jogadores a salivar, e se vêem adeptos que não vêem nada disto...  

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Adopte uma anedota


Sempre fui um pouco saudosista e nostálgico, talvez porque vivi uma infância dourada, repleta de coisas boas e experiências malandras.
Deve-se a esse facto, esta minha característica de relembrar os velhos tempos com uma tremenda vontade de fazer marcha-atrás...mas ela não entra. 
Por isso não tenho outra opção senão de encarar o futuro e fazer pela vida no presente, como todos os outros.
Mas existiram por-maiores que faziam toda a diferença.
Sempre gostei de fazer rir as pessoas que me rodeiam. Ver um sorriso é como que uma vitória para mim, e uma gargalhada profunda é o ganhar da guerra em tempos cobertos de cinismo.
Hoje, escrevo este post porque tenho saudades daquelas mesas cheias de contadores de anedotas que pareciam ter nascido para as contar. Era à vez, à desgarrada. 
Nem todos eram bons a contar, mas todos as adoravam ouvir. Eu era daqueles que memorizava as melhores 20 para debitá-las sempre que me levantava da cadeira.
O ambiente era sempre de chorar a rir, e estava sempre guardado para os serões. 
Com o passar dos anos, assim como eu fui parando de as contar e de as ouvir, também a memória nos vai atraiçoando sempre que tentamos rebuscar as do fundo de baú. 
Nada tem a mesma graça, nem quem conta nem que ouve. 
Não sei se foram as anedotas deixaram de ter graça, se as pessoas que as contavam deixaram de ter disposição, se quem as ouvia deixaram de se rir, ou mesmo se foram os tempos das modernices viciantes que deixaram que as pessoas não tivessem mais tempo umas para as outras. Se calhar foi tudo junto, o que é pena.
Qualquer dia desafio o meu grupo de amigos para um jantar, seguido de uma tradicional noite de anedotas. Tenho a certeza que ao fim de 5 minutos já todos estaríamos a ver um video no youtube, ou a ver mamas nas redes sociais...

Por falar em mamas, agora lembrei-me de uma. Mas já não tem graça...

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Sushi Report


Este patudo está quase a fazer 4 anos, parece que foi ontem...
Dizem que 4 anos chega para que um cão atinja a idade adulta e deixe de ser cachorro. 
Pois bem, o Sushi continua igualzinho, e teima em não amadurecer. 
Os comportamentos que tinha são os que continua a ter, o que é muito do meu agrado.
Por isso, é muito natural que lhe chamemos de cachorrão.
Um desses comportamentos, e também um dos mais recorrentes e hilariantes para mim dono. Em relação à visão do Sushi, bom...aí de certeza que deverá ser o comportamento mais frustrante. 
Há quase 4 anos que este cachorrão trava uma luta desigual para com a sua própria cauda. Durante este tempo todo, tenta abocanhá-la em movimentos circulares, mas sem nunca a ter conseguido morder.
Se vocês vissem a cara dele, depois de ter dado 10 voltas a alta velocidade, sem parar...iriam cair para o chão de tanto rir. É a frustração, o desespero e a perda do norte e sul, estampados na cara do pobre cão.
Aliás, a sua relação com sua parte traseira, não é lá muito pacífica.
Por exemplo, sempre que solta um gás mal cheiroso, assusta-se e apronta-se a certificar que aquilo saiu do seu próprio rabo, e não de outro!

Este é o dia-a-dia de um cão com quase 4 anos...difícil!   

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Fé a pé


Fé é fé, religião é religião, isto é ponto assente e não tem discussão possível. 
Não é esse o intuito deste post. 
Respeito algo que tento perceber a fundo, para que consiga, através da minha cabecinha, encontrar significados para entender as motivações e as crenças de cada um.
A religião é um assunto de tremenda importância, desde sempre. Está comprovado que o ser humano necessita de acreditar em algo transcendente para sustentar a sua vida terrena. Somos seres frágeis, que precisam constantemente de atribuir um significado a tudo o que nos vai acontecendo ao longo da vida, responsabilizando algo/alguém por isso, talvez porque não tenhamos fé suficiente em nós próprios. 
Tudo isto passa a um momento de maior intensidade, quando estamos em apuros...
Passando este momento Gustavo Santos, escrevo este post porque algo me intriga quanto à fé das pessoas em alguma religião ou crença. Até agora, sempre que questiono algum aspecto relacionado com a religião a uma pessoa com a sua fé, essa mesma pessoa elucida-me, e mesmo que continue com a minha visão da "coisa" fico sempre mais instruído e compreensivo.
Mas, no entanto, surge-me uma nova questão que por mais voltas que dê não consigo encontrar significado e isso está a deixar-me louco por ter este buraco em aberto no meu saber.
A pergunta que faço é simples:

Qual a explicação encontrada pelas pessoas de fé na religião católica, quando um peregrino morre na sua caminhada para Fátima, atropelado ou por outro motivo qualquer? Que interpretação lhe atribui os seus familiares?

Fico aflito em tentar encontrar lógica para um acontecimento destes, que não raramente acontece, nos caminhos que levam os fiéis e a sua promessa até ao santuário de Fátima.

Alguém que me ajude de uma forma pedagógica, sem fundamentalismos e sem se sentir ofendido. 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Hoje na ementa


Ontem dei por mim a ter uma ideia fenomenal, daquelas que costumo ter regularmente. 
Como é realmente tão boa, não a podia guardar apenas para mim, e estou neste momento a sentir necessidade de partilhá-la convosco, porque acho que os pode ajudar na digestão.
Já uma vez lancei aqui a seguinte pergunta: "E se fosses tu que tivesses que matar o teu próprio alimento, será que comias tanta carne?", para sensibilizar a evolução do ser humano para o patamar seguinte. Mas isso era outra longa conversa.

A ideia de hoje é bem melhor, porque alia a gula e o prazer que é o de comer carne, com a nouvelle cuisine e a frescura da mesma!
O que me dizem a isto?:

Imaginem que vão a um restaurante qualquer comer um daqueles bifes, ou postas mirandesas, mal passadas e tenras, que vos fazem salivar, e que como bom gosto (ao estilo do empratamento do sushi), no vosso prato segue a cabeça do animal correspondente à carne que irão degustar!! 
Não seria sensacional, olharem nos olhos da vaca, porco, coelho, galinha...e poder dizer-lhe o quão boa a sua carne é?
Como é óbvio isto de vir a cabeça do animal em cada prato não seria executável, porque o animal apenas tem uma, por isso sugeria ainda que a tal cabeça surgi-se como sugestão do empregado aquando do pedido do cliente. Como funciona com os vinhos:
"Olhe, hoje temos bifanas do lombo deste porco, picanha desta vaca, e como especialidade da casa, fígado deste pato...o que prefere?"

Penso que seria magnífico o cliente poder escolher e saber exactamente de onde vinha a "matéria-prima", olhando para as várias opções que se dispunham em bandejas.

Em último caso, e para os mais exigentes, também o cliente poderia assistir à matança do animal escolhido e seu desmembramento, indo a carne directa para a brasa...

Isto somos nós um dia...